O deputado estadual Guilherme Cortez (Psol) apresentou nessa quarta-feira, 5, um projeto de lei na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) para renomear a rodovia Presidente Castelo Branco (SP-280) como rodovia Eunice Paiva. A mudança busca substituir a homenagem ao primeiro presidente (1964-1967) da ditadura militar por Eunice, símbolo da luta por justiça e democracia no Brasil.
Eunice Paiva foi uma defensora dos direitos humanos, marcada pela busca pelo paradeiro de seu marido, Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura. A proposta ganhou força após o filme “Ainda Estou Aqui”, que conta sua história, vencer o Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025.
O deputado argumenta que a mudança do nome da rodovia é necessária para ressignificar espaços públicos que atualmente homenageiam figuras associadas a períodos de repressão e violência. "Eunice Paiva transcendeu o papel de viúva de um desaparecido político para se tornar uma referência na defesa dos direitos humanos, combate à repressão e da agenda indígena. Eunice foi uma das primeiras lideres a criticar a Lei da Anistia de 1979, apontando a impunidade concedida aos torturadores do regime militar" destacou Cortez, na justificativa de seu projeto.
A rodovia Castelo Branco, inaugurada em 1968, liga a Grande São Paulo à região central do estado, passando por cidades como Itu e Sorocaba. Atualmente, homenageia o ex-presidente Humberto de Alencar Castello Branco, um dos articuladores do golpe militar de 1964 e primeiro presidente da ditadura militar no Brasil.
Para que a mudança seja efetivada, o projeto de lei precisa tramitar pelas comissões da Alesp e ser aprovado no plenário. Em seguida, a lei deve ser sancionada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).