A palavra "aventura" nunca fez tanto sentido quanto para Astolfo Reis, de 40 anos, um morador de Franca, no início deste mês de fevereiro. Ele provou para si mesmo que é possível viver experiências ainda maiores do que imaginava. O bombeiro civil, com espírito aventureiro, saiu de sua cidade natal pilotando uma moto Honda Pop-100 e cruzou o continente até o deserto do Atacama, no Chile, percorrendo um total de 7 mil quilômetros, entre ida e volta.
Em 13 dias de viagem, Astolfo improvisou soluções na moto, como um tanque reserva para combustível, um celular com GPS, barraca, alimentos semiprontos e seguiu em direção a um dos destinos mais desafiadores da América do Sul. A viagem se tornou, para ele, uma das maiores experiências de sua vida.
“Passei por muito frio, chegou a 6°C. Cheguei também com muito calor lá, 40°C. Peguei chuva, altas altitudes, a moto não funcionava direito. Então, foi uma aventura, uma experiência única pra mim. Eu gosto muito, sou aventureiro, gosto muito de desafios. Eu fiz essa viagem no intuito de cumprir mais um desafio na minha vida. Foi uma das maiores que experiências que já tive”, diz Astolfo.
Ele sempre sonhou em viajar para fora do Brasil, mas com suas próprias condições. Não queria ir de avião, mas sim de uma forma única e autêntica. Apesar das dificuldades ao longo do caminho, Astolfo se diz realizado, especialmente pelas paisagens que viu, pelos lugares que conheceu e pelas trocas de experiências com as pessoas que encontrou em sua jornada.
“Tirei esse tempo pra mim, arrumei tudo. Tirei o passaporte e fui. Foram 13 dias, eu fazia a minha própria comida, como sempre fiz por aqui. Levei arroz, feijão, carne em conserva que eu mesmo preparei, meus temperos. Sempre parava e fazia o meu café. Dirigi em torno de 14/16 horas por dia”, detalha.
Astolfo partiu de Franca no dia 11 de fevereiro e voltou no dia 24. Durante a viagem, sua moto nunca o deixou na mão, mas em uma região de grande altitude, o motor começou a apresentar dificuldades. Mesmo assim, ele seguiu em frente sem precisar de ajuda ou de socorro.
“Cada quilômetro, cada curva foi recompensada, porque cada curva era uma paisagem diferente. Eu não consigo entender porque tanta paisagem linda, maravilhosa em uma só região. Fiquei perplexo com isso e me motivou a andar mais, a querer ver mais, a conhecer mais. Um mundo diferente do nosso. Eu voltei para casa, parecia que vivi um sonho”, conta emocionado.
O custo da aventura de 13 dias pode parecer surpreendente: apenas R$ 3.500. Esse valor cobriu as despesas com água, combustível e hospedagem. Em pelo menos três dias, ele precisou dormir em hotéis para continuar sua jornada no dia seguinte, mas a alimentação foi toda planejada e levada de Franca.
A Honda Pop-100 tem uma autonomia de 58 km por litro de combustível, e Astolfo parava a cada 200 km para abastecer.
Astolfo contou com o auxílio de um guia em Franca que o orientou sobre rotas, tempos e locais para dormir. Além disso, ele adquiriu uma conta de telefone para garantir que pudesse utilizar dados móveis em qualquer lugar durante a viagem.
“Funcionava em qualquer cidade, então eu poderia comunicar com a família, falar que estava tudo bem. Fazia ligação também. Eu parava nos postos de combustível e colocava o Wi-Fi, postava vídeos”, diz.
“Para mim, foi fácil. Tem os perrengues, claro, mas isso pra mim é um esporte, que eu gosto muito. Foi muito emocionante, muito mesmo. Muitas das vezes, na volta, eu até chorei de emoção. Foi um presente divino, um presente que Deus deu, uma surpresa”, afirma.
Um momento de abastecimento em um posto de gasolina no Paraná, registrado por outra pessoa que o abordou, acabou se tornando viral nas redes sociais. No vídeo, a pessoa pergunta de onde ele era e para onde estava indo. Naquele momento, Astolfo já estava retornando para Franca. O vídeo, que logo chamou a atenção, já ultrapassou 460 mil de visualizações.
O percurso de Astolfo incluiu as seguintes cidades e países: