25 de dezembro de 2025
RISCO PARA O CAFÉ

Tempo extremo afeta café e safra alta deve ser pior que a baixa

Por Giovanna Attili | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Divulgação/Whatsapp
Grãos de café: expectativa é de quebra na safra

A cafeicultura da Alta Mogiana, da qual Franca faz parte, tradicionalmente reconhecida pela qualidade de seus grãos, enfrenta desafios devido à instabilidade do tempo. O ciclo natural do café alterna entre anos de safra "alta" e "baixa", mas a sequência de colheitas reduzidas tem preocupado produtores e especialistas do setor. A expectativa para 2025, que deveria ser um ano de alta, é de uma safra abaixo do ano passado, que foi de baixa.

Tiago Donizete Rodrigues, premiado cafeicultor de Santo Antônio da Alegria, destaca que a safra de 2024 foi abaixo do esperado e a de 2025, que deveria ser um ano de recuperação, também será comprometida devido à seca e ao calor intenso do último ano. Segundo o assistente agropecuário Geraldo Nascimento Júnior, engenheiro agrônomo e diretor da CATI (Centro de Apoio à Tecnologia Rural) de Franca, a última safra realmente alta na região ocorreu em 2020. Desde então, o volume de produção tem diminuído, afetando estoques e elevando os preços para os consumidores.

“E como estamos acumulando safras baixas, nossos estoques de café gradualmente estão menores. Além disso, outros países grandes produtores, como Vietnã, também tiveram quebra de safra por problemas climáticos”, contou o assistente agropecuário.

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, sente os impactos dessa redução, especialmente porque, como dito, outros grandes produtores, como o Vietnã, também registraram quebras de safra. No Estado de São Paulo, responsável por cerca de 200 mil hectares de cultivo, a produção mecanizada ajuda na colheita, mas a limitação da irrigação restringe a capacidade de recuperação das lavouras em períodos de estiagem.

Além das condições climáticas adversas, a cafeicultura tem um ciclo longo, o que impede uma recuperação rápida da produção.

Mesmo com o aumento dos preços na Bolsa de Nova York, a expansão das lavouras enfrenta dificuldades, como a necessidade de mudas produzidas sob encomenda e o tempo mínimo de dois anos e meio para novas plantas começarem a produzir.

Diante desse cenário, os cafeicultores buscam alternativas para manter a rentabilidade. Tiago Rodrigues, por exemplo, investiu na torrefação própria e na produção de café fermentado para agregar valor ao seu produto. Essa estratégia tem sido uma saída para enfrentar as oscilações do mercado e manter a competitividade em um setor cada vez mais dependente das variações climáticas.

A expectativa é que, caso as condições climáticas sejam favoráveis nos próximos meses, a produção possa se recuperar em 2026. No entanto, a incerteza sobre o clima e a volatilidade do mercado mantêm a preocupação dos produtores, que seguem investindo em qualidade e diversificação como forma de sustentar seus negócios.