Foi enterrado no fim da tarde desta quinta-feira, 19, no Cemitério da Saudade, em Birigui, o corpo do empresário João Euphrásio Fiorotto, dono da extinta fábrica de calçados Popi, que faleceu aos 90 anos.
Fiorotto deixa a esposa, Assunção Gonçalves Fiorotto, os filhos Mércia de Fátima, João Júnior e Douglas, e, conforme opinião unânime de empresários e membros do setor produtivo locais, um expressivo legado para Birigui.
"A empresa dele foi essencial para o desenvolvimento de nosso polo calçadista, sobretudo o infantil, e o senhor João foi um exemplo de inovação", afirmou Marco Aurélio Barbosa de Souza, diretor do Observatório Econômico de Araçatuba.
Conhecido como Tico entre amigos próximos, Fiorotto era considerado um visionário. "Ele também empreendeu no ramo imobiliário ao desenvolver o Jardim Popi, um bairro pequeno, mas muito valorizado, onde muitos querem morar. Foi um homem crucial para o progresso de Birigui", complementou Barbosa.
Barbosa destacou ainda que a Popi, no auge nos anos 1980, foi a primeira fábrica de calçados de Birigui e uma das três maiores, ao lado das marcas Bical e Kiuti. "A Popi, uma gigante do setor calçadista brasileiro, se destacou pelo marketing, pela inovação e pelos produtos lançados no mercado", ressaltou.
Um dos movimentos mais inovadores de Fiorotto, segundo Barbosa, ocorreu na década de 1980, quando ele transformou caixas de sapatos em brinquedos infantis, criando propostas lúdicas como casinhas de bonecas, ilhas e outros itens de diversão. A iniciativa incluía gibis da Popi e anúncios em programas infantis de TV. "Ele revolucionou a indústria brasileira de calçados e ajudou o carnaval, o Bandeirante, enfim, deixou um legado ao empreender com excelência", concluiu Barbosa.
Fundada em 1959 por João Fiorotto e Giácomo Eurico Fiorotto, a Indústria Popi rapidamente se tornou uma das maiores empresas de calçados infantis do Brasil. Inicialmente com 40 empregados e produção diária de 200 pares, atingiu seu auge em 1985, com 2,2 mil funcionários e uma produção de 20 mil pares por dia.
Nos anos 1980, a empresa figurou entre as 20 maiores do setor no Brasil e ampliou suas instalações com um prédio moderno na avenida Euclides Miragaia, um marco arquitetônico em Birigui.
Na década de 1990, com a reestruturação produtiva, o avanço da concorrência internacional e os planos econômicos Collor e Real, a Popi inovou para se manter competitiva, mas enfrentou dificuldades.
Na segunda metade dos anos 1990, a família Fiorotto desligou-se do empreendimento, e na primeira década do século 21, após mais de 40 anos de história, a indústria encerrou suas atividades.