Não é a série La Casa de Papel, mas a organização da quadrilha que atacou o carro-forte no dia 9 de setembro, na rodovia Cândido Portinari, próximo à cidade de Restinga, lembra o seriado espanhol da Netflix.
Na série, o Professor Sergio Marquina e seu irmão mais velho Berlim organizam o assalto à Casa da Moeda da Espanha - eles eram os cabeças da operação. E no ataque ao carro-forte não foi diferente: dois dos envolvidos são irmãos - Roberto Marques Trovão Lafaeff e Ricardo Marques Trovão Lafaeff, os irmãos Trovão. Segundo a polícia, eles seriam os cabeças da área operacional da organização criminosa responsável pela tentativa de roubo.
O delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Franca, Gabriel Fernando Tomás da Silva, em entrevista à rádio Difusora na manhã desta terça-feira, 17, disse que os irmãos Trovão exerciam uma forte influência, principalmente na área operacional da organização criminosa. "Cuidavam da parte administrativa".
A segunda fase da Operação Carcará foi deflagrada na manhã dessa segunda-feira, 16, em força-tarefa entre a Polícia Civil, Polícia Militar e Ministério Público, através do Gaeco.
Roberto Trovão foi preso após procurar atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Valinhos, um dia após o assalto ao carro-forte. Ele tinha um ferimento de fuzil no pé. Já Ricardo foi preso na primeira fase da operação no dia 24 de outubro, em uma casa no bairro do Limão, zona Norte de São Paulo. Ele estava armado com um fuzil no momento da abordagem, mas foi rapidamente desarmado pelos policiais.
Na casa onde ele estava, foi encontrado um arsenal - fuzis, submetralhadoras, pistolas, mais de mil munições, coletes balísticos, balaclavas, drogas e carregadores e também dois mapas da região de Praia Grande, cidade do litoral paulista usada como uma das bases dos criminosos.
Ricardo Marques Trovão Lafaeff era dos bandidos mais procurados do Estado, acusado de assaltos a carro-forte e banco.
Além de comandaram a parte operacional do ataque pelo menos o mais novo dos irmãos Trovão tem ligação com Franca. Os dois presos na cidade - Luiz Carlos de Oliveira, 48, e Denis da Costa Oliveira, 36, tem ligação com o carro que levou Trovão até a UPA de Valinhos. Segundo a polícia, a dupla moradora em Franca atuava no sentido de dissimular patrimônios de alguns membros dessa organização criminosa, sendo os laranjas do bando.
Segundo balanço da Polícia Civil, pelo menos 16 pessoas participaram da organização e ataque ao carro-forte na Portinari. De acordo com o delegado da DIG de Franca, a polícia ainda acredita mais pessoas possam estar envolvidas com o bando.
Mesmo com prisões importantes, armas e valores apreendidos, as autoridades afirmam que o grupo criminoso é complexo e possui ramificações difíceis de serem completamente desarticuladas. Por isso, as investigações vão continuar para aprofundar a identificação dos responsáveis e enfraquecer financeiramente a organização.
Na segunda fase da operação, 11 pessoas foram presas e um suspeito morreu em confronto com a polícia. Durante as diligências, foram cumpridos 48 mandados de busca domiciliar, resultando na apreensão de nove veículos de alto valor, quatro armas de fogo e mais de R$ 900 mil em espécie. Além disso, um apartamento foi bloqueado judicialmente.
O delegado Gabriel Fernando Tomás da Silva explicou que, de início, foi expedida a prisão temporária dos 11 acusados, que tem a duração legal de 30 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 30. Ponderou, porém, que ao final das investigações, as prisões podem ser convertidas em preventivas, sem tempo determinado.