28 de outubro de 2024
DUAS FACES

Quem é Luís Fernando Silveira, engenheiro que esfaqueou a ex

Por Verônica Andrean | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Redes Sociais
Amanda Ramazzini foi atacada pelo ex-marido, Luís Fernando Silveira

Quem acessava as redes sociais do engenheiro civil Luís Fernando Silveira, de 32 anos, encontrava uma vida repleta de realizações. Com fotos de momentos felizes ao lado da então mulher, dos filhos, da viagens em família e conquistas profissionais, ele projetava a imagem de um homem bem-sucedido, tanto no trabalho quanto no campo pessoal. Mas a máscara caiu nessa segunda-feira, 21, quando ele esfaqueou a ex-mulher e feriu a sogra e a própria filha de apenas 1 ano, no Condomínio Ecoville, na avenida São Vicente, zona Sul de Franca.

Silveira, formado em engenharia civil e com especializações no exterior, como um curso de inglês no Canadá, construiu uma carreira promissora no setor de sistemas de irrigação e tinha um círculo de amigos com quem compartilhava a paixão pelo futebol, sempre registrando momentos de lazer, como visitas a clubes, museus e estádios.

Nas redes sociais, sua figura era a de um pai dedicado, com várias publicações ao lado do filho mais velho, de 7 anos, fruto de seu relacionamento de 10 anos com Amanda Ramazini, de quem havia se separado há apenas um mês. As fotos de família, com viagens e passeios, mostravam um homem aparentemente envolvido e presente.

A verdadeira face

No entanto, a realidade por trás dessas imagens era bastante diferente. De acordo com familiares de Amanda, o comportamento de Silveira dentro de casa era completamente distinto do que ele exibia nas redes. O relacionamento com Amanda, com quem ele também tem uma filha de 1 ano e outro bebê a caminho, era marcado por abusos psicológicos e uma instabilidade emocional evidente.

Otávio Baldim Ramazini, irmão de Amanda, revelou em entrevista à EPTV que ela sofria com agressões verbais constantes e episódios de violência. Em 2019, ela chegou a registrar um boletim de ocorrência contra Silveira, após uma briga em que ele teria tentado agredi-la fisicamente e jogado o filho contra a parede.

Silveira, que tinha um temperamento descrito como "agressivo e manipulador", segundo a família de Amanda, não aceitava o fim do relacionamento. Apesar de já ter sido preso por vandalizar o carro de Amanda na semana anterior ao crime, ele continuou a violar a medida protetiva imposta pela Justiça. Na segunda-feira, 21, ele invadiu o apartamento da ex-mulher, esfaqueando-a cerca de 20 vezes, além de ferir a filha de 1 ano e a sogra, Rosana Ramazini, que também estava presente.

Rosana, que sobreviveu ao ataque, descreveu o engenheiro como um homem de dupla face: amoroso e dedicado em alguns momentos, mas extremamente agressivo em outros. "Ele usava palavras muito duras para diminuir minha filha, e fazia isso com meu neto também. Amanda acreditava que ele poderia mudar, mas essa esperança nunca se concretizou", lamentou Rosana, que destacou o medo que sua filha sempre teve de que Luís pudesse machucá-la.

Apesar da imagem pública de um homem bem-sucedido e envolvido com a família, Luís Fernando Silveira enfrentava graves problemas no convívio pessoal. Agora, ele responde por tentativa de feminicídio, preso preventivamente, após a Justiça considerar que ele representa um risco para as vítimas.

Defesa

A defesa de Silveira, também à EPTV, argumentou que seu cliente atacou Amanda em um momento de descontrole emocional, motivado pela frustração de ser impedido de ver os filhos, em meio a um histórico de desavenças. Disse ainda que Silveira admite ter cometido um erro e se diz arrependido, mas nega ter esfaqueado intencionalmente sua sogra e sua filha. Segundo a defesa, as agressões à sogra e à criança ocorreram de maneira acidental, enquanto a sogra, que segurava a criança no colo, tentava intervir na briga entre Silveira e Amanda.

O engenheiro civil responde por três tentativas de feminicídio e teve seu contrato de trabalho suspenso pela empresa em que trabalhava há quatro anos. A defesa tenta a liberdade de Silveira por meio de um habeas corpus e argumenta que, embora o crime não tenha justificativa, ele foi cometido em um momento de impulso. Reforça que a ação violenta ocorreu durante um "surto" desencadeado pela frustração de Silveira ao ser privado de ver os filhos, enfatizando que o comportamento, embora não justificável, pode ser explicado pelo estado emocional extremo em que se encontrava.