A Injustiça, de longe, é o pior dos tormentos que ao homem se pode infligir. E que ele pode, ou não, suportar!
Em si, parece pouco letal. O problema é a cadeia de impressões que se sucede na mente de quem a ela se mostra submetido.
- Isso não é justo!
Primeiro, vem a raiva. Aflitiva. Contundente. Cegante. Inconsequentemente emburrecedora.
O desejo de vingança. O impulso de consertar com as próprias mãos o que considera absurdo e prejudicial ao bom senso. A luta contra a sensação do medo de que o mal esteja no comando do jogo da vida.
- Isso não podia estar acontecendo!
Depois, a tristeza. Lancinante. Afásica. Inquietantemente prostrante.
A incerteza do rumo a seguir. A nuvem angustiante da impotência se abatendo sobre os sentimentos. A falta de empenho na reação à presença vitoriosa do mal.
- F...-se!
Depois, a frustração. Destrutiva. Avassaladora. Broxantemente desanimadora.
A dúvida pela falta de sentido da vida. A insegurança e a incerteza sobre os conceitos de certo e errado tão arduamente arraigados na cabeça aprendiz. A constatação de que não valeu a pena. De que não está valendo a pena.
Depressão?
Ainda não! Mas quando vários episódios injustos se somam, parece um caminho sem volta.