21 de dezembro de 2024
ELEIÇÕES 2024

Debate tem provocações e momentos de tensão entre candidatos

Por Higor Goulart | da Redação
| Tempo de leitura: 14 min
Reprodução/EPTV
Candidatos reunidos nos estúdios da EPTV: algumas propostas, muitas pequenas provocações

O debate da EPTV com os candidatos à Prefeitura de Franca, realizado na noite deste sábado, 28, e que invadiu.a madrugada de domingo, terminando pouco depois de 2h, contou com alguns momentos de tensão entre os candidatos Alexandre Ferreira (MDB), Alexandre Tabah (Novo), Guilherme Cortez (PSOL) e João Rocha (PL). Houve pedidos de direito de resposta, todos negados.

Participaram do debate os candidatos Alexandre Ferreira (MDB), Alexandre Tabah (Novo), Dr. Ubiali (PSB), Guilherme Cortez (PSOL), João Rocha (PL) e Mariana Negri (PT). A EPTV convidou os nomes presentes em coligações com representantes no Congresso Nacional.

O confronto começou pontualmente às 23h25 e contou com quatro blocos: dois com temas livres (primeiro e terceiro) e outros dois com temas determinados (segundo e quarto), além das considerações finais.

Começo teve ironias e chumbo trocado

Com tema livre, o primeiro bloco contou com embates entre Cortez, Tabah e Ferreira, além de um pedido de direito de resposta de João Rocha. Os candidatos comentaram principalmente sobre saúde, educação e recuperação da indústria.

A primeira pergunta foi feita por Alexandre à candidata Mariana Negri. Com tema livre, o atual prefeito questionou sobre os projetos da petista para as creches da cidade.

Em resposta, Mariana reforçou o projeto que visa ampliar o horário de atendimento nas unidades, para atender pais e mães que trabalham até mais tarde. “O principal é estender o horário de saída e de entrada, para adaptar melhor a rotina das mães, especialmente as que não têm rede de apoio e precisam dessa condição para trabalhar. Começar uma hora antes e terminar uma ou duas horas depois é algo muito importante para as famílias. Respeitando, sempre, os profissionais dessas creches”.

O prefeito, por sua vez, relembrou as construções de creches que realizou nos últimos quatro anos e que as unidades atuais contam com possibilidade de flexibilização de horário.

Na sequência, Dr. Ubiali questionou João Rocha sobre as propostas para os protocolos de atendimento na saúde.

O candidato do PL aproveitou a pergunta para criticar a gestão de Alexandre Ferreira na área e afirmou que pretende comprar mais vagas para resolver. “A atual administração se vangloria de atender cerca de 70 mil pessoas por mês. Falta resolutividade. As pessoas ficam internadas ou ‘depositadas’ na UBS ou PS por quatro ou cinco dias, esperando uma vaga na Santa Casa. Por que não compramos mais vagas? O município tem que assumir a posição. Por que não comprar as vagas e ter a internação que precisamos?”.

Na terceira pergunta, ocorreu o embate mais polêmico do terceiro bloco. O candidato Guilherme Cortez questionou Alexandre sobre o que o atual prefeito pretende realizar de diferente no atendimento às mulheres e idosas na saúde. “Tem gente esperando para tratar pedra no rim desde que ele era secretário de saúde. O prefeito não conseguiu resolver esses problemas. Como deputado em um ano e meio, eu trouxe quase R$ 1,5 milhão para a saúde da cidade. A gente precisa contratar mais médicos especialistas. Na contramão disso, o prefeito fechou a casa da mulher”.

Na resposta, Alexandre relembrou as obras do seu governo, como o Hospital Estadual de Franca e as construções de UBSs. Além disso, provocou o adversário do PSOL. “O senhor é deputado estadual e tem que ficar lá. Quem entende de gestão sou eu, não você. O senhor tem que ficar lá para mandar dinheiro para cá e eu gerir. Nós vimos o Gílson de Souza (ex-prefeito), por exemplo, que era deputado estadual, virou prefeito, e fez o que fez”.

Na quarta pergunta, Alexandre Tabah questionou Cortez sobre as supostas pautas do PSOL a respeito do aborto e da legalização das drogas. “Eles são a favor do assassinato de fetos, defendem terroristas do Hamas e abominam os cristãos. Se você votar nele, quero que tenha consciência”, atacou Tabah.

Em resposta, Cortez preferiu ignorar os =questionamentos, que classificou como “fake news”, e apresentou sua candidatura. “Infelizmente, nosso debate está com um nível muito baixo. Você vê essa pergunta, que é um desespero. Tudo isso é palhaçada”. No fim de sua tréplica, o candidato ainda provocou João Rocha, chamando-o de ‘bolsonarista situacional’.

O candidato do PL pediu direito de resposta, que foi negado.

Na sequência, a candidata Mariana Negri perguntou ao candidato Dr. Ubiali sobre os motivos pelos quais Franca ainda não conta com um Instituto Federal de Educação.

Na resposta, o candidato do PSB relembrou que os governos estadual e federal fizeram esforços para a construção de uma unidade em Franca, mas não contaram com um retorno positivo do prefeito Alexandre Ferreira, ainda em 2013. “O reitor do IF de São Paulo foi a Franca para escolher um terreno, mas a Prefeitura não disponibilizou. E nós perdemos. O Instituto foi para Barretos. Nós perdemos porque o prefeito da época não quis nos ajudar”.

Por fim, João Rocha perguntou a Tabah (Novo) sobre suas propostas para a indústria calçadista.

O candidato do Novo relembrou que é empreendedor e esteve à frente do Shopping dos Calçados de Franca. Insistiu na necessidade de reabrir e transformar os pavilhões da Francal em um centro de eventos.

Temas definidos no segundo bloco

Diferente do primeiro, o segundo bloco contou com sorteio de temas para as perguntas dos candidatos. Novamente, houve um momento de tensão entre Cortez e Alexandre, além de um pedido de direito de resposta de Alexandre Tabah, que foi negado.

Com o tema ‘meio ambiente e sustentabilidade’, o candidato Guilherme Cortez questionou se o atual prefeito pretende manter a política de corte de árvores na cidade.

Alexandre rebateu, explicando que o corte aconteceu para a segurança da população, mas reforçou os programas realizados em parques para o incentivo ao meio ambiente no município. Em relação aos incêndios recentes, o atual prefeito afirmou que “não é em Franca, é na região”, mas que tem dado o apoio necessário para conter as chamas.

Em seguida, Dr. Ubiali perguntou a Mariana Negri, sobre o tema ‘lazer e cultura’ e sobre os projetos de lazer para PCDs (Pessoas com Deficiência) em Franca.

A petista afirmou que pretende investir nas já existentes academias ao ar livre na cidade, principalmente para os PCDs. Segundo ela, embora as instalações existam, é necessário que incluam monitores, através de parcerias com educadores físicos, para que os usuários possam utilizar os equipamentos da melhor maneira.

No tema educação, Alexandre Tabah questionou João Rocha se ele pretende utilizar militares da reserva nas unidades municipais de ensino em Franca. Além disso, relembrou o passado do adversário como professor de história, afirmando que 90% dos profissionais são de esquerda.

Na resposta, Rocha afirmou que está nos “10% que são de direita” e declarou que a educação tem sido negligenciada pela atual administração, citando os danos estruturais no Colégio Champagnat. Além disso, afirmou que pretende ampliar o atendimento às crianças nas creches e prepará-las desde cedo para o mercado de trabalho.

Na quarta pergunta, sobre ‘saneamento básico’, Mariana Negri questionou Alexandre Tabah sobre sua opinião com relação à privatização da Sabesp. A candidata apontou que o movimento, adotado pelo governo Tarcísio deve elevar as tarifas e focar no lucro da iniciativa privada.

Tabah, por sua vez, afirmou que concorda com a privatização e rebateu ao apontar os três pilares nos quais a administração municipal deve focar. No entanto, o candidato citou somente “saúde e educação” e esqueceu o terceiro ponto. Gaguejou, tentou recordar mas não conseguiu. "Esqueci mesmo".

Com o tema “habitação”, João Rocha questionou Dr. Ubiali sobre seus projetos para casa própria em Franca. Em resposta, o candidato do PSB afirmou que pretende construir cinco mil casas populares, se eleito, e que vai agilizar o processo para novos loteamentos no município.

Por fim, o segundo bloco encerrou com mais um embate entre Alexandre Ferreira e Guilherme Cortez. Com o tema ‘mobilidade’, o atual prefeito questionou o deputado estadual sobre o projeto para a mobilidade urbana.

Na resposta, Cortez afirmou que pretende revogar o contrato com a empresa São José e provocou o adversário ao dizer que ele fez a mesma promessa somente no ano eleitoral. “Você não fez nada para acabar com a farra da São José. Por que não fiscalizou a empresa nos quatro anos de mandato?”.

Na réplica, Ferreira se irritou e pediu para que Cortez respondesse à pergunta. “O seu plano de governo só tem São José?”.

O bloco ainda contou com um pedido de resposta de Alexandre Tabah, que foi negado.

"Frankstein" e desafio à Santa Casa

Novamente com tema livre, o terceiro bloco trouxe questionamentos sobre saúde, cirurgias eletivas e transporte público urbano.

A primeira pergunta foi feita por Alexandre Tabah a Alexandre Ferreira, insinuando que o atual prefeito teria se negado a contratar 10 mil cirurgias eletivas que poderiam ser realizadas no município pela Santa Casa.

Na resposta, o emedebista afirmou que a Santa Casa não possui capacidade estrutural para garantir a realização dessas cirurgias. “A Santa Casa tem 99% de ocupação. Para fazer cirurgia eletiva, é preciso ter leito. Se na urgência não há lugar para internar, como haverá espaço para realizar as cirurgias eletivas?”. O prefeito desafiou seu rival: “Se a Santa Casa comprovar que pode realizar as cirurgias, na segunda-feira iniciaremos o investimento”.

Na segunda pergunta, Mariana Negri questionou João Rocha sobre o programa Tarifa Zero, que tem sido implementado por governos de esquerda e direita em algumas cidados do país.

João Rocha afirmou que não é possível implementar o programa em Franca devido ao orçamento apertado. “A tarifa zero para Franca é inviável, e não podemos mentir. Não adianta um prefeito sério prometer tarifa zero aqui, pois nosso orçamento é um dos piores para cidades do nosso tamanho. Não há recursos suficientes para mantê-la.”

Na terceira pergunta, Dr. Ubiali questionou Guilherme Cortez se a manutenção do CentroPop é um acerto da atual administração.

Em resposta, o deputado estadual afirmou que não há como encerrar o funcionamento do serviço e que pretende “tratar com seriedade” o atendimento à população em situação de rua. “Essas pessoas não estão na rua por conta do CentroPop. Para resolver isso, é preciso separar crime organizado de dependência química. Temos que tratar com seriedade, não com factoides.”, afirmou, reforçando a impossibilidade de fechamento da unidade.

Na quarta pergunta, João Rocha questionou Mariana Negri sobre políticas para melhorar a mobilidade de pedestres e veículos na Rodovia Cândido Portinari. A petista, no entanto, discordou que a iniciativa fosse de competência municipal, mas afirmou que pretende trabalhar em conjunto com o governo estadual para resolver o problema.

Na quinta pergunta, Alexandre Ferreira perguntou a opinião de Alexandre Tabah sobre a rede Cepel, implementada em vários pontos do município para a prática esportiva. Inicialmente, o candidato deu a entender que não sabia do que Alexandre falava e aproveitou o momento para se apresentar e pedir votos. Depois, afirmou que pretende manter o programa, se eleito.

Por fim, Cortez questionou Ubiali sobre seus projetos para a juventude de Franca.

O candidato do PSB afirmou que pretende implementar um programa de capacitação militar na Prefeitura para preparar os jovens para o mercado de trabalho. Além disso, criticou a rede Cepel da atual administração: “Construir quadras que depois ficam abandonadas não significa que houve aproveitamento no esporte”.

Em relação à resposta de Ubiali, Cortez comentou que a proposta do programa militar “era muito esquisita”. “Parece que misturaram várias coisas no liquidificador e saiu esse 'frankenstein'. Não precisamos treinar nossa juventude com programas militares na Prefeitura.”

Críticas à guarda civil

No bloco final, os candidatos retomaram as perguntas com temas pré-definidos. O período marcou dois confrontos entre Cortez e Alexandre Ferreira, além de um pedido de direito de resposta do atual prefeito, que foi negado.

Na primeira pergunta, sobre "segurança pública - guarda municipal", Cortez afirmou que “a GM na administração de Ferreira é uma vergonha” e questionou o que o atual prefeito pretende fazer, caso seja reeleito.

Na resposta, o emedebista rebateu a afirmação do adversário de que ele estaria reduzindo o efetivo da GCM. Destacou a necessidade de investir em tecnologia na segurança pública. “Atrelamos a Guarda Civil Municipal a 56 câmeras de monitoramento. O próximo passo será expandir para 80 câmeras. Hoje, o mundo é tecnológico. Quanto mais preparamos a cidade para a era digital, mais resultados positivos teremos.”

Na réplica, Cortez criticou o comportamento de Alexandre com os servidores, afirmando que, por isso, ele não teria o voto nem de seus próprios funcionários. Ferreira, por sua vez, retrucou: “O senhor tem uma bola de cristal para saber em quem os funcionários vão votar?”.

Com o tema infraestrutura, Tabah questionou quais eram as propostas de Ubiali para melhorar a infraestrutura de Franca.

Na resposta, Ubiali apontou que pretende resolver os diversos problemas da malha viária no município. “Um dos principais são as rotatórias, que são impossíveis de atravessar nos horários de pico. Além disso, há muitos acidentes envolvendo motos, bicicletas e pedestres.” Ele explicou que pretende contratar uma empresa de consultoria para analisar as mudanças necessárias.

Na terceira pergunta, sobre "saúde", João Rocha criticou a atual administração: “Dizem que Franca só tem 335 leitos na Santa Casa, mas não se pode comprar mais. A Santa Casa tem espaço, sim. Falam que foi uma maravilha fechar a Casa da Mulher, prometendo reabrir e não reabriram” Em seguida, questionou Mariana Negri sobre suas propostas para melhorar o atendimento no município.

A petista apresentou seu projeto de ampliar as Equipes de Saúde da Família por meio de um programa de custeio do governo federal. “Franca poderia ter de três a quatro vezes mais profissionais nas equipes de saúde da família. Basta vontade política para que consigamos trazer esse financiamento do governo federal. Onde quer que eu vá em Franca, as mulheres clamam por uma solução para a falta de ginecologistas.”

Na pergunta seguinte, sobre "emprego e renda", Mariana Negri escolheu João Rocha e questionou suas propostas para os ambulantes no município.

O candidato do PL afirmou que os ambulantes precisam ser regularizados, mas que não são sua prioridade. “Temos muitas indústrias sofrendo. Estive em uma fábrica onde o proprietário disse que está há três anos esperando um habite-se para ampliar a empresa, mas não consegue devido à demora da Prefeitura. Ele me disse que está pensando em sair do município.”

Com o tema "lazer e cultura", Dr. Ubiali questionou Alexandre Tabah sobre seus projetos para estimular a prática esportiva entre os idosos.

O candidato do Novo, no entanto, não respondeu diretamente ao questionamento. Afirmou que pretende incentivar o esporte entre os jovens, para afastá-los das drogas. “Sou apaixonado por esporte e sempre apoiei projetos através de patrocínios pelas minhas empresas. Meu sonho é ver nossos jovens como campeões olímpicos.”

Por fim, houve o embate final entre Alexandre Ferreira e Guilherme Cortez. Com o tema "emprego e renda", o atual prefeito relembrou os programas que implementou em sua gestão e questionou a proposta de Cortez para melhorar o setor em Franca.

Cortez rebateu Ferreira, dizendo que “os empregos em Franca estão indo embora”, apesar dos programas criados. “Ando muito pela cidade e vejo que nossos sapateiros, que antes tinham orgulho, agora trabalham em suas garagens, pespontando sapatos sem dignidade e sem direitos trabalhistas.”

O prefeito estocou Cortez mais uma vez. “(Cortez) precisa passar mais tempo em Franca”.

Considerações finais

Ainda no último bloco, os candidatos fizeram suas considerações finais.

O primeiro foi João Rocha, que relembrou seu período como vice-prefeito nos anos 1990 e destacou seu plano de governo. “Não é fácil apresentar todas as propostas, tudo o que você gostaria de dizer. É difícil. Às vezes a pergunta não chega no ponto certo, mas posso dizer que temos um plano de governo executável, factível e correto, porque já participamos de duas grandes administrações.”

Alexandre Ferreira reafirmou sua parceria com o governador Tarcísio (Republicanos) e criticou seus adversários. “Esse desespero, esse despreparo, não servem e não cabem para um prefeito. Precisamos de um gestor na nossa cidade. É importante a união que nos trouxe até aqui e fez de Franca uma cidade mais humana.”

Dr. Ubiali reforçou seu currículo como médico e ex-deputado federal, afirmando ser o melhor candidato para liderar Franca. “Quero fazer de Franca um lugar seguro, com novos investimentos, e resgatar a alegria que tivemos no passado. Fazer o básico bem feito. Não quero criar nada extraordinário, nosso plano de governo é perfeitamente realizável.”

Alexandre Tabah destacou os projetos do partido NOVO e relembrou os membros da legenda pelo Brasil. “Votando 30, você estará elegendo dois prefeitos: eu e minha vice-prefeita, Fernanda Palermo, doutora em contratos públicos.”

Guilherme Cortez criticou "os mesmos rostos" na política francana e afirmou que é hora de uma renovação. “Tenho andado muito por Franca e escutado pessoas que querem mudança. Querem uma nova geração para enfrentar os grandes problemas da nossa cidade.”

Por fim, Mariana Negri direcionou seu discurso às mulheres e destacou a necessidade de maior representatividade feminina na política. “Nunca tivemos uma prefeita em 200 anos. Tivemos pouquíssimas vereadoras, sendo duas atualmente. Minha chapa tem uma mulher como vice-prefeita. É a primeira vez que uma chapa é composta apenas por mulheres na história de Franca. As mulheres precisam saber que podemos estar onde quisermos.”