A série de queimadas em áreas de plantio que atinge o interior do estado de São Paulo, em especial a região de Franca, trará prejuízos significativos a produtores de café, de acordo com um especialista.
Lucas Ubiali é engenheiro agrônomo e avalia que as lavouras incendiadas terão um atraso de quase três anos para a colheita. “Os produtores devem começar e se preparar para fazer um novo plantio no ano que vem, quem conseguir. O café demora dois anos e meio para produzir a primeira safra, então, provavelmente, esse produtor que for renovar a área vai colher café só em 2027”.
A perda financeira também será considerável para a maioria dos agricultores. “Normalmente, esse cultivador nem tem seguro rural contra fogo, que é um dano irreversível para o café. Ele vai precisar correr atrás do prejuízo e fazer um investimento que não era esperado”.
Ubiali também diz que, apesar de ainda não haver um número fechado e oficial, a estimativa é de que cerca de 200 hectares, espaço equivalente a, aproximadamente, 200 campos de futebol, foram consumidos pelas chamas, além de incontáveis cultivares.
“Novecentas mil plantas de café foram atingidas. Não é a estimativa oficial, em vista que ainda existem áreas pegando fogo e não deu tempo de fazer esse levantamento”, afirmou.
Apesar das perdas financeiras pessoais para os produtores agrícolas, o engenheiro pensa que não deve haver uma mudança grande no preço do café – pelo menos não causada pelos incêndios. “O setor agrícola em si tem tido muito prejuízo com a seca. São mais de 150 dias sem chuva. Isso alarma tudo e é grave. As queimadas são algo mais isolado de São Paulo”.