O candidato do PSB à Prefeitura de Franca, o médico Marco Aurélio Ubiali, encerrou a série de sabatinas do GCN/Sampi com os candidatos à Prefeitura de Franca. Durante a entrevista, ele traçou seus planos para o município e prometeu uma revisão no contrato com a São José e uma mudança nos serviços ofertados pelo Centro Pop à população em situação de rua.
Ao longo de 50 minutos de entrevista, nesta quinta-feira, 5, o candidato também detalhou suas motivações políticas. Normalmente comedido, desta vez partiu para o ataque e mirou o prefeito Alexandre Ferreira (MDB), a quem chamou de “mentiroso”. Prometeu mudanças na saúde, com a criação de um Hospital da Mulher na cidade.
Dr. Ubiali é o último entrevistado na série de sabatinas promovida pelo portal GCN/Sampi e pela rádio Difusora com os candidatos à Prefeitura de Franca. A transmissão ocorreu ao vivo pela Difusora, com exibição simultânea pelo portal GCN e nas redes sociais.
Aos 74 anos de idade, o médico segue empenhado em atuar na vida pública e quer ser prefeito de Franca, por "acreditar que a cidade merece um cuidado maior". "Agora, é o momento de oferecer meu nome, porque quero ser prefeito para fazer o governo que planejo: um governo voltado para as pessoas, que resolva os problemas".
O candidato ainda reforçou o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin à sua candidatura. Segundo ele, Alckmin é um dos seus grandes incentivadores. "O Alckmin mesmo me disse, quando apoiou a ideia de eu ser candidato: a população te procura, te escuta. E eu acredito nessa ideia de que eu devo ser prefeito. Ninguém pode conter nossa força", acredita.
Em relação à saúde de Franca, Ubiali fez duras críticas ao governo de Alexandre Ferreira. Segundo ele, os equipamentos que operam atualmente nos PSs (Prontos-socorros) e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) são ultrapassados, o que resultaria em demora nos atendimentos e prejudicaria a solução de casos mais graves, como de pessoas com AVC ou derrame.
"Se passar muito tempo, não adianta mais fazer nada além de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, gerando altos custos e deixando a pessoa com uma deficiência permanente. Por outro lado, se o atendimento for rápido, a pessoa pode ter uma recuperação de 100%. Em um ou dois dias, já estaria em casa cuidando da sua vida", afirmou.
A causa central desse problema, de acordo com Ubiali, é que o atual prefeito "não tem afinidade com a área da saúde". Para Ubiali, uma das razões para isso é que Alexandre rejeitou a gestão plena da Saúde e evitou parcerias com a Santa Casa. "Com isso, as vagas da Santa Casa agora entram no rol das vagas estaduais (que define quem deve ser atendido)".
"Com isso, temos dificuldade em conseguir vagas, já que a Santa Casa não pode oferecê-las diretamente. Elas são liberadas pela Central de Vagas, que é gerida pelo Governo do Estado. A questão da saúde em Franca é estrutural. Mesmo com a gestão vinculada ao Estado, é possível administrar isso de maneira mais eficaz”, defendeu Ubiali.
Por fim, Ubiali disse que "os R$ 260 milhões (investidos na Saúde de Franca) são mal utilizados e não trazem resultados efetivos".
Ubiali afirmou que o prefeito Alexandre Ferreira tem o “hábito de mentir”. O costume, segundo ele, seria revelado em diversos comportamentos, como obras anunciadas pela Administração Municipal que não seriam mérito do prefeito ou que não estariam prontas. "Alexandre tem esse hábito, acredito que inconscientemente, pois também disse que o terminal da antiga estação ferroviária estava pronto. Mas, se você passar em frente, verá que nada está terminado".
"O prefeito também afirmou que trouxe o Hospital Regional Estadual, mas todo mundo sabe que foi um trabalho de muitas pessoas", continuou.
Ainda segundo Ubiali, outra mentira teria acontecido na tomada de decisão que envolveu o fim dos atendimentos na Casa da Mulher. Inicialmente, a unidade atendia 2 mil mulheres por mês. O prefeito, no entanto, resolveu extinguir o programa, enquanto deixou o público em "grande falta de ginecologistas e obstetras". A justificativa do prefeito foi a de que a Casa da Mulher era um engodo, não contava com profissionais além de um médico e tinha baixo índice de consultas e atendimentos.
“Quando você tem uma unidade que não está funcionando adequadamente, você não a destrói; você melhora, contrata mais médicos ou terceiriza serviços", disse Ubiali.
Ubiali pretende construir um Hospital da Mulher. "O hospital atenderá tanto às necessidades de cuidados ginecológicos e de prevenção quanto a obstetrícia. Com isso, a Santa Casa poderá liberar cerca de 100 leitos e 4 salas cirúrgicas, o que ajudará a resolver a fila de espera para as cirurgias eletivas", defendeu.
Em relação ao meio ambiente, Ubiali prega a necessidade de união da população, através do conceito "cidade que ama". "Dentro desse conceito, queremos promover, em primeiro lugar, a educação ambiental, começando desde a escola e se estendendo por toda a vida. Em segundo lugar, buscamos o reflorestamento das áreas públicas, com o objetivo de reduzir a temperatura da nossa cidade em cerca de 1,5 grau".
Ainda de acordo com o candidato, a ideia não é apenas plantar árvores, mas também cuidar, através do que ele classifica como “plantio consciente”, para evitar que as plantas morram por falta de cuidado.
Em relação ao trabalho com a população em situação de rua, Ubiali promete avaliar caso por caso. Segundo ele, nem todos os moradores são viciados em drogas ou sofrem os mesmos problemas. "Temos pessoas que usam drogas, outras que são viciadas em álcool, além de indivíduos com problemas emocionais e doenças mentais".
A partir do diagnóstico, o candidato pretende iniciar a oferta de diferentes serviços. Entre eles, o acolhimento e a oferta de trabalhos, atividades esportivas, culturais e de lazer. Além disso, ele pretende oferecer o acompanhamento para essa parcela da população, mas com uma mudança no trabalho do Centro Pop.
"A filosofia do Centro Pop, na minha opinião, não funciona, pois oferece um acolhimento que não resolve. As pessoas recebem refeições e algum suporte, mas não é algo que transforme suas vidas de maneira eficaz", afirmou.
Por isso, ele pretende oferecer um programa que identifique as necessidades de cada um. "Se o problema for de saúde, a pessoa será encaminhada para o serviço de saúde. Se for uma questão de saúde mental, ela será tratada. Se houver dependência de drogas, também será direcionada para tratamento, porque é um erro pensar que todos estão felizes nas ruas".
Além disso, "minha proposta é substituir o Centro Pop por um programa municipal que não tenha restaurante ou abrigos como os do atual Centro Pop, pois o modelo não funcionou. Além disso, o custo atual é de 80% para a prefeitura e 20% para o governo federal, o que não traz vantagens".
Contrastado pelo jornalista Corrêa Neves Jr sobre que diferença teria com relação aos programas hoje desenvolvidos, Ubiali insistiu que vai fazer melhor. Reclamou também da falta de dados oficiais sobre a população de rua, que teriam sido sonegados a ele.
Ubiali ainda traçou seus planos para melhorar a fluidez no trânsito da cidade. Segundo ele, uma das ideias é implementar radares nos semáforos de Franca. "Eu instalaria radar em semáforos, principalmente para evitar o avanço durante o dia. À noite, manteria o pisca-alerta", explicou.
Por fim, o candidato comentou sobre o transporte público urbano. Entre as iniciativas para melhorar o atendimento, ele disse que pretende revisar o contrato com a empresa São José. Isso porque, segundo o candidato, o próprio grupo não teria mais o interesse em manter o acordo.
"Conversei com eles e me disseram que, atualmente, transportam cerca de 40 mil pessoas por dia, enquanto, alguns anos atrás, transportavam 160 mil. Isso aconteceu porque ficou mais caro pagar a passagem do que a prestação de uma moto. Por isso, muitas pessoas estão optando por usar moto ou Uber".
Desse modo, Ubiali pretende revisar o atual contrato e, eventualmente, abrir uma nova licitação, para que outras empresas possam administrar o transporte no município e consigam ofertar ônibus melhores. "Com ônibus mais acessíveis, que tenham motor na traseira, sejam climatizados, controlados por GPS para garantir frequência e trajeto, além de visores eletrônicos nos pontos, informando o tempo de chegada dos ônibus. São recursos comuns em várias cidades e que Franca precisa implementar".
Assista à sabatina completa de Dr. Ubiali no vídeo do início deste texto.