O candidato do PCO à Prefeitura de Franca, João Scarpanti, afirmou que a adoção da tarifa zero não seria a solução ideal para as questões vividas pelo município no transporte público urbano. A afirmação aconteceu durante sua entrevista ao GCN/Sampi, realizada nesta terça-feira, 3. A proposta dele é ainda mais radical: estatização do transporte coletivo, cuja operação seria feita pelo próprio município, e sem cobrança de qualquer tarifa.
Ao longo de 50 minutos de entrevista, o candidato também argumentou contra a cobrança de impostos aos mais pobres e a favor da tributação dos empresários. Além disso, defendeu o fim da Guarda Municipal e a ampliação de concursos públicos para contratação de mais médicos no município.
João Scarpanti é o sétimo entrevistado na série de sabatinas promovida pelo portal GCN/Sampi e pela rádio Difusora com os candidatos à Prefeitura de Franca. A transmissão ocorreu ao vivo pela Difusora, com exibição simultânea pelo portal GCN e nas redes sociais.
“Já temos polícia demais no Brasil”, disparou Scarpanti para defender que “acabar com a Guarda Municipal é uma medida válida” e que “não se trata apenas de desarmar ou fazer ajustes superficiais.” Para ele, a Guarda Municipal já “foi extinta” em Franca, considerando o número de servidores.
“A ideia de uma polícia cidadã é ótima, mas deve ser realmente cidadã, formada através de comitês de bairro. A população precisa organizar sua própria defesa. Não podemos ter uma força burocrática alheia, estranha, que acaba servindo para roubar cobertores e bater nas pessoas. Me desculpe, mas essa é a realidade.”, disse o candidato do PCO.
Ainda sobre o tema, Scarpanti acrescentou que não falava especificamente da Guarda Civil Municipal (GCM) de Franca, mas de todas as guardas civis. “Há muitas pessoas bem-intencionadas, mas muitas vezes a função dessas guardas é puramente repressiva.”.
Sobre as propostas de gestão da cidade, o candidato do PCO refutou a ideia de adversários sobre a implantação de tarifa zero no transporte coletivo urbano. Durante a entrevista, ele afirmou que o plano teria um enorme custo, sendo que Franca em sua visão não tem condições orçamentárias para bancar a oferta a todos no modelo tradicional, com uma empresa privada operando o sistema.
"Não acredito na tarifa zero, por conta de um problema orçamentário. Para oferecê-la, seria um custo tremendo, e Franca não tem dinheiro. As cidades estão quebradas. Precisamos é de uma empresa de transporte que não seja administrada pelos burocratas, mas sim pelos trabalhadores".
Em relação à tributação municipal, Scarpanti estuda cobrar mais impostos dos empresários, em vez dos trabalhadores. Segundo ele, os proprietários de empresas têm lucro em seus negócios, enquanto realizam “a exploração trabalhista”. Portanto, poderiam pagar uma carga tributária maior, na sua opinião.
"Os grandes empresários costumam lucrar triplamente. Porque, primeiro, eles exploram o trabalho. É o trabalhador quem entrega seu trabalho para o empresário, que recebe subsídio ou isenção fiscal da Prefeitura. Ou seja, ele deixa de contribuir. Se a gente for avaliar do ponto de vista social, ele deveria pagar uma carga tributária maior, enquanto é quem paga menos", afirmou.
"O pobre, o trabalhador, não tem que pagar imposto. A taxação tem que ser em cima dos ricos, dos muitos ricos, dos empresários. Então, pretendo diminuir o IPTU da parcela pobre da população", continuou.
Em relação aos investimentos na saúde, Scarpanti afirmou que é necessário que a Administração Municipal assuma os serviços do SUS ofertados pela Santa Casa de Franca. Além disso, a Prefeitura deve evitar a terceirização dos médicos, uma vez que ela cria um desafio orçamentário para o município.
"É preciso expandir o número de leitos, mas um grande problema que enfrentamos é a escassez de médicos. O Brasil forma muito poucos médicos, e isso cria uma certa glamourização da profissão. Muitos médicos não querem trabalhar em determinadas áreas ou locais. Precisamos aumentar a formação de médicos e garantir que haja uma oferta maior no mercado", considerou.
Além disso, ele afirmou que pode realizar mais concursos públicos para contratação de médicos. "Se abrirmos novos cursos de medicina e a demanda ainda não for atendida, é porque há uma oferta muito pequena em relação à demanda. Isso acaba impactando negativamente. Quando a oferta é insuficiente, precisamos recorrer aos recursos disponíveis para enfrentar a situação".
Em relação à população em situação de rua, Scarpanti propõe políticas que ofereçam respeito e dignidade a essas pessoas. "Não podem ser reprimidos de forma alguma os moradores de rua". Por isso, ele pretende oferecer tratamentos para a saúde mental, além de ampliar os programas de moradia social.
"Precisamos expandir tanto a moradia popular quanto o acesso à saúde mental, especialmente para aqueles que desejam tratamento para dependência química. Tudo isso deve ser ampliado e implementado".
Scarpanti ainda apontou o que considera hipocrisia por parte dos candidatos do PL aos postos políticos em Franca. Segundo ele, os rivais da extrema direita mantêm um discurso pró-liberdade de expressão, enquanto ignoram a ferramenta [a própria liberdade de expressão] que seria um pilar fundamental da sociedade democrática, que tem o dever de garantir esse direito à população.
"O pessoal do PL, os bolsonaristas, fingem que defendem as liberdades individuais. Eles fingem que defendem a liberdade de expressão. Mas quem defende a ditadura militar, não defende a liberdade de expressão", provocou.
Em seguida, ele afirmou: "Em toda sociedade saudável e politicamente saudável, nós temos os maiores índices de liberdade de expressão. E eu não acredito que deva haver nenhum mecanismo de controle da opinião, nem da consciência".
Durante a sabatina, Scarpanti comentou as motivações para a sua candidatura. De acordo com ele, seu nome surgiu durante um debate nacional do PCO. A ideia, desse modo, é lançar um candidato que tenha ideais e possa concretizar as propostas do partido.
"A decisão de me lançar foi fruto de um consenso durante uma conferência nacional, onde ficou claro que meu nome seria o mais adequado para representar essas ideias nas eleições", disse.
Em relação à campanha, Scarpanti afirmou que deve começar a circular pelas ruas a partir da próxima semana. De acordo com ele, a falta de recursos, especialmente o fundo partidário, dificultou até agora a estratégia de busca por votos.
"O TSE é extremamente antidemocrático. Isso fica evidente com a distribuição do Fundo Eleitoral, que não é feita de forma justa para todos os partidos. Sempre há alguma manobra jurídica, como no nosso caso, onde estamos sem campanha de rua porque está nas mãos da Carmen Lúcia [presidente do Tribunal Superior Eleitoral – TSE] esperando uma decisão", contou.
Assista à sabatina completa de João Scarpanti no vídeo no início deste texto.
Nesta quarta-feira, 4, o GCN entrevista o candidato João Rocha (PL). A sabatina começa às 11h10, transmitida ao vivo pela rádio Difusora e portal GCN/Sampi.