15 de dezembro de 2025
CIÊNCIA E SAÚDE

Consórcio busca novos tratamentos para 'doenças tropicais'

Por Redação | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 2 min
Divulgação/Unicamp
O processo de desenvolvimento de um novo fármaco é longo e composto por diversas etapas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou em seu Relatório Global de Doenças Tropicais Negligenciadas, publicado em maio de 2024, que aproximadamente 1,62 bilhão de pessoas sofreram com essas doenças em 2022. Embora o número represente uma redução de 26% em relação a 2010, ainda está longe da meta de diminuir a incidência em 90% até 2030. As doenças tropicais negligenciadas, como hanseníase, dengue, leishmaniose, esquistossomose, doença de Chagas, úlcera de Buruli e tripanossomíase africana, são responsáveis por perpetuar ciclos de pobreza e custam bilhões de dólares a países de baixa e média renda.

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Para enfrentar esse desafio global, é essencial uma abordagem colaborativa que reúna especialistas de diversas áreas, centros de pesquisa e organizações de apoio. Nesse contexto, destaca-se o consórcio Molecules Initiative for Neglected Diseases – Mindi (Iniciativa de Moléculas para Doenças Negligenciadas), criado em 2020. Esta parceria inclui a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade de São Paulo (USP), a Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi) e a Medicines for Malaria Venture (MMV).

O consórcio, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) através do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (Pite), tem como objetivo identificar candidatos clínicos para o desenvolvimento de novos medicamentos contra a doença de Chagas, a leishmaniose visceral e a malária. Embora a malária não esteja mais classificada como doença negligenciada, continua a impactar populações vulneráveis, especialmente na África.

O consórcio representa um avanço significativo na pesquisa de novos tratamentos no Brasil. Luiz Carlos Dias, professor do Instituto de Química (IQ) da Unicamp e coordenador do consórcio, destaca a importância da iniciativa: "Se conseguirmos chegar a um candidato clínico, será um caso inédito na América Latina".

A doença de Chagas afeta mais de 6 milhões de pessoas globalmente, com 30 mil novos casos e 10 mil mortes anuais na América Latina, conforme a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). No caso da malária, o desafio reside na diversidade e adaptação do Plasmodium, o protozoário causador da doença. O Brasil registrou 150 mil casos de malária em 2022, com 50 mortes, sendo a região amazônica responsável por 99% dos casos autóctones.

O avanço do consórcio Mindi é uma esperança para milhões de pessoas que enfrentam essas doenças, prometendo avanços na descoberta de novos medicamentos e sendo um marco na pesquisa e desenvolvimento de tratamentos na América Latina.