A longa estiagem já preocupa os produtores de café da região da Alta Mogiana, que abrange Franca, e é um dos principais polos de produção do Brasil. Com mais de 120 dias sem chuva, a região enfrenta uma das piores secas dos últimos anos, comprometendo a produção das lavouras.
O problema não é recente. Desde o final do ano passado, as chuvas abaixo da média entre dezembro e janeiro resultaram em uma granação insatisfatória dos frutos. Isso levou à produção de grãos menores, o que exige uma quantidade maior para encher uma saca de café, afetando negativamente a produtividade da safra de 2024. Esse cenário tem contribuído para a alta nos preços do café nos últimos meses, já que a oferta está sendo diretamente impactada.
A situação se agravou a partir de março, quando a escassez de chuvas se intensificou, deixando a região em estado de alerta. “A alta dos preços dá uma falsa sensação de equilíbrio, mas, com essa falta de água, as lavouras e produções estão seriamente comprometidas”, segundo Lucas Ubiali, engenheiro agrônomo da Fundação Procafé.
Além de enfrentar as adversidades climáticas, os cafeicultores precisam buscar alternativas viáveis para garantir a continuidade de suas produções e mitigar os prejuízos previstos para os próximos anos. Eles reclamam que a situação exige não apenas medidas emergenciais, mas também políticas públicas que apoiem o setor diante dessa crise hídrica sem precedentes.
“A falta de água traz vários danos para as plantas; esse estresse hídrico deixa as plantas totalmente depauperadas, começando a secar e a perder folhas. As folhas são extremamente necessárias para a fotossíntese e para a planta segurar os frutos logo após a florada”, explica o produtor de café e agro influenciador Rafael Stefani.
Diante desse cenário, muitos cafeicultores têm recorrido à irrigação como medida de emergência. Contudo, essa solução nem sempre é de fácil acesso, pois depende da disponibilidade de recursos hídricos nas propriedades, que podem ser escassos. Além disso, a captação de água de rios, córregos ou poços artesianos requer aprovação ambiental, o que pode ser um entrave adicional em meio à crise, segundo eles.