16 de julho de 2024
BAURU

Falta de vagas em hospitais do Estado mobiliza comissão de Saúde

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Carol Jacob/Alesp
O deputado Oseias de Madureira, vice-presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de SP

Vice-presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o deputado estadual Oseias de Madureira (PSD) diz que a crise na saúde de Bauru, onde o principal problema é encontrar leitos de internação nos hospitais de média e alta complexidade do Estado, é preocupante e exige respostas. Acionado pelo presidente da Câmara local, o vereador Júnior Rodrigues (PSD), o deputado deve visitar o município para acompanhar o problema na saúde já nos próximos dias. Segundo ele, a situação exige cautela.

De acordo com o parlamentar, a situação chegou ao secretário de Saúde, Eleuses Paiva. "O governo do Estado, assim como o secretário, está bastante preocupado com tudo isso", afirmou Oseias ao JC.

O deputado ainda deve conversar com a presidente da Comissão de Saúde, Bruna Furlan, parlamentar do PSDB, para ajustar efetivamente qual vai ser o papel do colegiado com relação a Bauru - se haverá abertura de procedimento ou tratativas a nível administrativo, por exemplo.

Garantiu, porém, que a comissão vai acompanhar o problema. "Precisamos ter noção da realidade dos fatos, da situação que está acontecendo, antes de tomar posição enquanto comissão", observa.

Até esta sexta-feira (12), 73 pacientes morreram em Bauru à espera de leito hospitalar, no primeiro semestre. O último óbito ocorreu na madrugada de sexta. Na quinta-feira (11), a prefeita Suéllen Rosim (PSD) afirmou em vídeo nas redes sociais que "está fazendo o que ninguém fez pela Saúde do município" e disse também que o gerenciamento de vagas hospitalares é responsabilidade estadual.

O vereador Júnior Lokadora (Podemos), presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Bauru, se manifestou nesta sexta-feira (12) e disse que o governo só agora resolveu projetar um hospital municipal. "Por que não fez antes?", indagou.

MORTES NÃO PODEM SER BANALIZADAS

Presidente da Câmara de Bauru, o vereador Júnior Rodrigues (PSD) afirma que a crise na saúde de Bauru não pode continuar e que a cidade precisa evitar a banalização das mortes. "Não são apenas números, estatísticas, mas famílias chorando a perda de entes queridos", disse ao JC nesta sexta-feira (12).

O município precisa fazer seu papel, ressalta Júnior, mas o Estado também tem sua responsabilidade. "O que vemos é uma dificuldade em se conseguir contato com a Diretoria Regional de Saúde (DRS). Como ninguém passa informação, recorri ao deputado", ressaltou o presidente da Câmara.

"O problema é que as pessoas não estão tendo a chance de lutar pela vida. Nem isso. A UPA não tem todo o suporte de alta complexidade necessário para cuidar de tudo isso", lembra. "Bauru tem muitos hospitais. O Estadual, o Base, o Manoel de Abreu. Mas a engrenagem não está funcionando", observou.

Para ele, é hora de sentar à mesa com município e Estado e deixar de lado eventuais divergências a fim de buscar solução ao problema. "É uma situação inaceitável", define.

ESTADO INVESTIGARÁ MORTES

Em nota encaminhada ao JC, ontem a Secretaria Estadual de Saúde lamentou as mortes e se solidarizou com os familiares dos pacientes e garantiu que todos os casos serão investigados.

"Na atual gestão a saúde da região é tida como prioridade, haja visto o aumento de 30% na oferta de leitos. Somente em Bauru foram abertos e ativados 212 leitos no último ano, sendo 112 no Hospital de Clínicas de Bauru, atendendo a um antigo anseio da população", afirma a pasta.

"Regionalmente, outros 153 leitos foram abertos, englobando as cidades de Pederneiras, Lençóis Paulista, Botucatu e São Manuel, totalizando 365 leitos, ou o equivalente a um hospital de grande porte", disse.

A nota complementa ainda que há tratativas com a Prefeitura de Bauru para ampliação de serviços de saúde importantes para a população, além da previsão de ampliação de leitos no Hospital das Clínicas após as adequações necessárias.

GIULIA PUTTOMATTI

Vereadores avaliam convocar a secretária municipal de Saúde, Giulia Puttomatti, para prestar esclarecimentos a respeito das ações que prometeu a Bauru quando assumiu o cargo, em 10 de abril do ano passado, e que ainda não saíram do papel.

Em audiência pública em maio do ano passado, por exemplo, a titular da pasta anunciou uma verdadeira reforma na saúde do município e um plano para garantir retaguarda à pressão por leitos estaduais.

A medida envolvia reabrir o antigo Posto Avançado Covid (PAC) e transformá-lo numa unidade de referência de Bauru (URB) com modelagem inicial de 7 leitos de UTI, outros 2 de internação, e 10 outros leitos ortopédicos. No Pronto-Socorro Central, enquanto isso, a titular da pasta falou em abrir entre 20 a 30 leitos clínicos de enfermaria.

O Jornal da Cidade pediu à secretária, através da assessoria de imprensa, uma entrevista na última quinta-feira (11), mas não obteve retorno.