24 de julho de 2024
ESTIAGEM

Incêndios em Franca já se igualam a 2023, e culpa é da população

Por Verônica Andrean | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Bruna Góis/GCN
Bombeiro apagando incêndio em área de vegetação do Zanetti

A última chuva que caiu em Franca foi no dia 12 de abril, quando a precipitação foi de apenas 7 milímetros. Com mais de 100 dias de estiagem, o tempo seco, aliado aos ventos e os maus costumes da população, aumentam os casos de incêndios nesta época do ano.

De janeiro até o dia 4 de julho deste ano, o Corpo de Bombeiros de Franca registrou 411 chamados para combater incêndios na vegetação do município, quase a mesma quantidade do ano inteiro de 2023, quando houve 498 chamados, de acordo com os dados do Corpo de Bombeiros.

Hábitos que as pessoas podem acreditar que são inofensivos, como colocar fogo no quintal de casa ou em terrenos para queimar mato e lixo descartado irregularmente, podem propiciar um pequeno incêndio que, posteriormente, cresce e consome grandes áreas de vegetação.

“Quando a pessoa coloca fogo, por exemplo, em um lixo para fazer descarte de resíduo, dependendo das condições climáticas, como altas temperaturas, velocidade dos ventos e baixa umidade, as fagulhas voam quilômetros, e daí elas acabam, de repente, encontrando uma situação propícia, onde tem uma biomassa de uma área de preservação, uma estação ecológica mais seca, e ela acaba, infelizmente, atingindo e causando grandes danos ambientais, que refletem diretamente na qualidade de vida do homem", pontua a capitã do Corpo de Bombeiros, Sandra Elaine de Andrade Bueno de Camargo.

"Até mesmo uma garrafa jogada de forma irregular pode causar um foco de incêndio, dependendo da temperatura e, com o efeito convergente que existe, pode sim iniciar um incêndio. E a pessoa nunca vai imaginar que ela foi a causadora. Nossa preocupação é levar isso para as pessoas, para que elas entendam que a maior parte dos incêndios não é por causa natural, 90% é causa antrópica, quer dizer, o homem é o causador”, continuou.

Os chamados para combater os incêndios aumentam aos fins de semana, revela a capitã. Ela acredita que o comportamento do ser humano é preponderante nesse tipo de atendimento e que as próprias pessoas acabam causando, às vezes, de forma não intencional os incêndios.

"No município, muitas vezes, as pessoas usam o fogo para limpar terrenos, que é uma prática irregular. Existem vários mecanismos que a gente consegue substituir no uso do fogo. A população precisa ter essa consciência", aponta.

Ações como o descarte de lixo corretamente, limpar os terrenos sem colocar fogo, não jogar objetos nas rodovias são hábitos simples que fazem muita diferença no dia a dia e previne casos de incêndios.

"Quando a gente fala em preservação do meio ambiente, não é algo só para hoje, é a garantia das nossas futuras gerações. Nós moramos em um município que tem uma qualidade de vida muito boa, a qualidade do ar é muito boa, mas a gente precisa despertar a consciência dos danos que esses incêndios causam. Se a gente fizer um comparativo, a nossa qualidade do ar fica bem pior que a dos grandes centros industriais, quando há incêndios. Então, é preciso despertar a consciência sobre pequenos comportamentos”, afirma a capitã do Corpo de Bombeiros.