27 de julho de 2024
ECONOMIA

Arroz atinge casa dos R$ 30 em Franca: ‘é um preço descabível’

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
Pedro Baccelli/GCN
Pacotes de arroz em prateleiras de supermercado de Franca

Indispensável na mesa dos brasileiros, o arroz pesou na conta do consumidor. O pacote de 5 quilos chegou à marca dos R$ 30 nos supermercados e atacados de Franca. Faixa de preço inimaginável antes da pandemia do coronavírus, quando o produto era comercializado, em média, por R$ 12,63, segundo levantamento do Ipes (Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais) do Uni-Facef.

O preço do grão disparou no mercado interno após a catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul. O estado é o principal produtor de arroz do país e responde por mais de 70% da produção nacional. “É certo que boa parte da safra de arroz do Rio Grande do Sul foi colhida antes do desastre ambiental, porém, surgiu muitos temores, e tem um efeito especulativo no mercado de vendedores, e isso tem, consequentemente, um impacto sobre o preço que é repassado ao setor supermercadista”, explica o economista da Apas (Associação Paulista de Supermercados), Felipe Queiroz.

Queiroz explica que o preço do produto subiu na cadeia e está sendo repassado, não apenas para Franca, mas todo Brasil. “Como o Rio Grande do Sul é o principal produtor do país, logo qualquer alteração na oferta desse estado produz um efeito sob o preço no mercado nacional. Não por acaso, algumas medidas governamentais foram anunciadas logo após o evento”.

O Governo Federal realizou o primeiro leilão para a compra de arroz importado nessa quinta-feira, 6. Foram adquiridas 263.370 mil toneladas para abastecer os estoques públicos. O presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, informou que está autorizado a compra de até 1 milhão de toneladas para enfrentamento das consequências econômicas e sociais no Sul do país. “Não vamos comprar de uma vez só, será escalonado conforme a necessidade”.

Na prática, os preços nas prateleiras em Franca assustaram Ana Cristina de Oliveira Rodrigues, de 31 anos. “Até essa semana acabou o arroz aqui em casa e a gente foi comprar. Realmente levei um susto, porque o arroz da promoção estava R$ 26. Ele era de uma marca não tão boa. A marca que a gente compra está chegando próximo dos R$ 36 reais”.

“É um preço descabível, levando em conta o nosso salário. A gente realmente já sentiu no bolso. Sinto que vai piorar, visto que um dos nossos produtores maiores era o Rio Grande do Sul e tem essa tragédia que aconteceu. Está bem complicado, e a gente não tem outra coisa para colocar no lugar”, completou a atendente.

O arroz continuará subindo?

Sim, existe a possibilidade dos preços continuarem subindo, segundo Felipe Queiroz. “A queda no preço do arroz vai depender de como será feita a importação da Conab, qual será a oferta no mercado doméstico e como será essa oferta. Além disso, como será o processo de recuperação no Rio Grande do Sul. No curtíssimo prazo vemos um aumento no preço, motivado pelos fatores já enunciados, mas, em médio e longo prazo, a cotação do arroz vai depender dessas variáveis”.

Preços que não geraram grandes impactos no consumo nas residências. “O aumento no preço do arroz não tem gerado, necessariamente, uma redução no consumo. O consumo de arroz é aquilo que os economistas chamam de ‘consumo inelástico’. Ele mantém um padrão de consumo médio ao longo do tempo, com baixa oscilação”.

Histórico de preço

Na comparação com junho dos últimos anos, o francano tem motivo para se preocupar. Em 2023, o preço médio do pacote de 5 quilos era de R$ 24,96. Já em 2022 e 2021 eram R$ 23,22 e R$ 25,18, respectivamente. Confira a variação dos preços mínimo e máximo:

Preços elevados comparados aos praticados antes da pandemia. Em junho de 2019, por exemplo, o mínimo pago pelos francanos eram R$ 8,99 e o máximo de R$ 15,95 – em média, o arroz era vendido por R$ 12,63. Já em 2011, início da série histórica da pesquisa, o pacote saia por R$ 9,74 no sexto mês daquele ano. Abaixo os valores nos meses de junho de cada ano:

Obs: Não há registros sobre os valores de junho de 2012