16 de julho de 2024
ELEIÇÕES 2024

‘Franca chega aos 200 anos sem ter o que comemorar’, diz Cortez

Por N. Fradique | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Pedro Baccelli/GCN
Guilherme Cortez: entrevista no estúdio da Difusora nesta segunda-feira, 6

Franca se aproxima de seus 200 anos “sem ter o que comemorar, num ambiente de verdadeira desesperança”. A declaração foi feita pelo deputado estadual Guilherme Cortez (Psol), 26 anos, ao abrir nesta segunda-feira, 6, a série de entrevistas do portal GCN/Sampi com os pré-candidatos a prefeito de Franca nas eleições de 2024. A série é transmitida ao vivo no programa A Hora é Essa, da rádio Difusora AM 1030 kHz, comandado pelo jornalista Corrêa Neves Jr.

“A saída para Franca é olhar para o que ela quer ser nos próximos 200 anos”, defendeu o pré-candidato. “Voltar a ser uma cidade em que as pessoas sintam muito orgulho de morar, de viver, ter um emprego, e não em que as pessoas fiquem resignadas, olhando para baixo”.

Cortez disse que a cidade do calçado está vendo cada vez mais suas fábricas fecharem, migrando para outras regiões do país ou transferindo operações para outros lugares do mundo. “Cada vez mais gente deixa de ter um trabalho com carteira assinada e vai trabalhar costurando, ou colando sola de sapato na garagem da própria casa sem saber quanto vai ter no final do mês”, acrescentou. “Uma cidade que é pujante, uma das maiores do Estado, vivendo crise de perspectiva, sobretudo para quem é jovem”, disse. “Acredito que a Prefeitura faz menos do que deveria fazer”.

A entrevista
Cortez começou a entrevista se solidarizando com os gaúchos vítimas da catástrofe com as enchentes. Falou também sobre saúde, educação, transporte público, desenvolvimento e o processo de privatização da Sabesp.

Sobre a sua experiência para a gestão municipal, citou o trabalho que desenvolve como parlamentar na Assembleia Legislativa. “Eu estou muito satisfeito com essa experiência na Alesp, com o nosso trabalho na Assembleia. Acho que eu estou dando muito orgulho para quem me deu a confiança para eu ser deputado hoje”, disse, mas lamentou as limitações do que pode fazer no mandato. “O Legislativo é muito limitado".

Sobre a arrecadação de Franca, considerada baixa e que deixa o gestor muitas vezes sem condições de grandes investimentos em várias áreas, Cortez disse que vai fazer uma campanha com absoluta responsabilidade, sem prometer o que não pode ser feito. Ele disse que está elaborando um programa de governo com especialistas como economistas “para não prometer nada do que a gente saiba que não vai cumprir, porque isso na prática é um estelionato eleitoral”.

O deputado acrescentou que o município não pode abrir mão de verbas dos governos federal e estadual, como ocorreu, recentemente, com os recursos do Fundeb. “Não poderia perder a verba do Fundeb, por exemplo, uma verba que poderia ser empregada na educação básica ou em outros setores da Educação. O município perdeu pela própria incapacidade de administrar e de cumprir os indicadores”, criticou.

Santa Casa e São José
Cortez disse que a Prefeitura precisa cobrar de maneira firme a contrapartida dos serviços prestados pelas empresas ou instituições conveniadas para que a população tenha um atendimento adequado, citando a área da Saúde e de Transporte Coletivo.

“Quando a Prefeitura faz um convênio com uma entidade filantrópica, ou iniciativa privada, tem que ter a contrapartida, tem que ser cobrada (a prestação do serviço). A contrapartida da Santa Casa precisa ser cobrada, (assim) como a empresa de ônibus”.

A empresa São José, segundo Cortez, está há mais de meio século à frente do serviço de transporte coletivo de Franca com resultados precários. “A administração (governo Alexandre Ferreira) fala que vai rever esse contrato, mas de objetivo não foi feito nada”, afirmou.

A São José, assim como a Santa Casa, segundo Cortez, em alguns momentos agiria de maneira desleal com o poder público. “Ela vai lá e fala para a Prefeitura que quer aumentar verba, porque se não deixa de fazer o serviço”, disse o deputado, que comparou o comportamento ao de sequestradores que mantêm em seu poder reféns. “Então, para o investimento ser melhor gasto, precisa contar que essas parcerias que a Prefeitura tem (com as empresas) eles de fato vão cumprir seu papel”, disse.

Na avaliação sobre a gestão de Alexandre Ferreira, Cortez disse que a cidade está estagnada e precisa pensar no futuro. “Alexandre é continuidade, mais do mesmo. Ele governa para Franca ficar estagnada, onde está. Ninguém está muito feliz, ninguém está muito triste”, ponderou.

Segundo Cortez, “as pessoas não veem perspectiva alguma que pode mudar, outras se resignam com isso, mas não há uma pujança na cidade, não tem uma cidade que pensa no futuro ou que pensa para ser uma das 20 maiores cidades do Estado de São Paulo. Temos uma cidade estagnada, uma Prefeitura que se contenta com um trabalho medianamente executado, de zeladoria, de manter tudo do jeito que está, sem ter um projeto, sem ter ambição”.

Ele diz que é necessária uma auditoria no contrato de concessão do transporte público da cidade. Disse também que a eleição deste ano é um confronto entre o “passado e o futuro”:

“Essa vai ser a eleição entre o passado, o velho, o ultrapassado, a marcha a ré, entre a estagnação do jeito que está ou o futuro. Modestamente nessa eleição eu represento o futuro, uma nova geração da nossa cidade que não está conformada com essa maneira de fazer política, quer novas ideias que possam valorizar a população, ter uma gestão democrática, valorizar os serviços públicos com muita responsabilidade”.

Sabesp
Sobre o processo de privatização da Sabesp, disse que, se for eleito, vai municipalizar o serviço, transferimento a operação do saneamento básico para ser gerido diretamente pela prefeitura. Garantiu que existe alternativa para isso e que dinheiro não falta. “Vamos analisar e encontrar o caminho”.

Entrevistas
Acompanhe a sequência das entrevistas nos próximos dias, transmitidas ao vivo, sempre a partir das 11h50, durante o programa A Hora é Essa, da rádio Difusora.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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