70% dos moradores de rua em Franca são da própria cidade, diz secretária Gislaine

A Secretária de Ação Social da Prefeitura de Franca, Gislaine Alves Liporoni Peres, disse nesta quarta-feira, 27, que 90% dos moradores em condição de rua usam álcool ou outros tipos de drogas. Disse também que um estudo aponta que 70% das pessoas em situação de vulnerabilidade social cadastradas pela Ação Social de Franca têm origem na própria cidade.

Os números foram divulgados pela secretária durante entrevista ao programa A Hora é Essa! da rádio Difusora AM de Franca, ancorado pelo jornalista Corrêa Neves Jr.

A secretária revelou que encontrou um serviço social fragilizado e também culpa a pandemia pelo aumento dessa população. “Ainda vivemos os reflexos disso, particularmente na rotina das famílias que ainda têm a questão da renda bastante comprometida que acaba desdobrando em outras questões sociais relacionadas à violência doméstica, relacionada ainda na necessidade de acolhimento seja de crianças, adolescentes, idosas, pessoas com deficiência. Nós encontramos uma rede prestadora de serviço na assistência social bastante fragilizada no início de 2021. Nosso grande trabalho no início do primeiro e segundo ano foi organizar essa rede. Olhar para essas demandas e reorganizar toda essa rede”.

Gislaine informou que o orçamento atual para investimento em toda rede de assistência social na cidade é de aproximadamente R$ 50 milhões para 2024 ampliando os serviços na cidade. “Nós conseguimos ampliar vários serviços novos e criar vagas. Temos uma demanda ainda reprimida, mas nós trabalhamos bastante. Nós mais que dobramos o investimento na política de assistência social”.

Apesar de algumas ocorrências registradas na cidade envolverem pessoas de outros municípios, a secretária diz que um estudo aponta que a maioria dessa população em situação de rua é da própria cidade. “70% das pessoas em situação de rua são francanos, os outros 30% são pessoas que migraram para Franca, mas a grande maioria está em Franca há mais de três anos. Desses 70%, o estudo mostra que 66% deles têm família em Franca e fazem contato sistemático com seus grupos familiares. 65% deles têm ensino fundamental completo ou incompleto, 28% ensino médio completo ou incompleto e 7% ensino superior completo ou incompleto e 76% são homens”.

Sobre o serviço prestado no Centro Pop, alvo de muitas reclamações por vizinhos do equipamento social, localizado numa região nobre da cidade (Vila Formosa), Gislaine diz que o serviço prestado é referência na área e que vem dando resultados positivos. “É um trabalho de cidadania que nós desenvolvemos lá”.

Após a instalação do equipamento social, os moradores do bairro passaram a se queixar de insegurança, importunação, furtos e outros crimes. “Em nenhum momento nossa equipe deixou de dizer para eles até onde vão os direitos e onde começam seus deveres. Esse é um trabalho diário. Mas consigo entender a comunidade onde eles estão. Em nenhum momento nós ignoramos esse incômodo das pessoas e nós trabalhamos tentando resolver”.