26 de novembro de 2024
DESESPERO

Mulher aguarda há um ano e meio retirada de cateter em Franca: ‘é desumano’

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
Reprodução
Camila Cristina Matias de Almeida, de 35 anos: longa espera por tratamento

O que era para ser uma espera de até três meses já se tornou pelo menos um ano e seis meses. Tempo que Camila Cristina Matias de Almeida, de 35 anos, aguarda para a retirada de um cateter implantado durante uma cirurgia de remoção de pedra no rim realizada no Hospital do Coração de Franca, em setembro de 2022. O perigo é de perda total das funções renais, segundo ela.

O dilema começou no dia 28 de setembro de 2022 ao procurar o Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) e ser diagnosticada com pedra no rim direito, sendo submetida a uma cirurgia de urgência. Foi retirada parte do calculo renal, e colocado um cateter duplo J – instrumento usado para drenar a urina do rim até a bexiga. O procedimento foi realizado pela rede pública de saúde.

“Recebi alta dias depois, com o encaminhamento para marcar uma nova cirurgia para retirar o restante da pedra e o cateter. Esse pedido entrou na Secretaria de Saúde como eletiva, sem previsão de data para acontecer”, disse Camila.

A paciente foi informada pela equipe médica que o cateter poderia ficar até 3 meses no corpo humano sem causar prejuízos. Nesta quinta-feira, 14, segundo ela, completa exato um ano e meio de espera para retirar o instrumento do organismo.

Camila passou por um exame no dia 4 de março de 2024. Foi diagnosticado com hidronefrose no rim direito, e calcificação do duplo J no rim e na bexiga. Hidronefrose é o distúrbio causado pelo excesso de líquido em um rim pelo acúmulo de urina. “É desumano o que o sistema público faz. Colocam um material, e não dão suporte, mesmo sabendo que não pode ficar no corpo por tanto tempo”.

O primeiro pedido era de nefrolitotomia, que consiste na remoção do cálculo. Com as calcificações, o procedimento evoluiu para cistolitotomia. O resultado da demora são as dores constantes. “De uns três meses pra cá, vivo a base de remédio (dipirona e tramal) para poder conseguir trabalhar. Meus pés vivem inchados, unhas amareladas e sono excessivo, tudo consequência do intruso que está no corpo”.

Para custear uma cirurgia particular custa, em média, R$ 15 mil. Camila não tem condições de pagar o procedimento. “Minha maior preocupação é a perda total das funções renais, opção não descartada por todos os médicos que me atenderam. E essa perda pode acontecer de um dia pro outro, uma vez que já existe a dilatação (hidronefrose)”.

Prefeitura de Franca
A Secretaria Municipal de Saúde informou que o pedido da paciente de cirurgia de cistolitotomia e/ou retirada de catéter foi protocolado por ela nesta quinta-feira, e será avaliado pelo médico auditor para os devidos encaminhamentos.

Estado de São Paulo
O governo do Estado de SP informou: "A Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross) informa que a paciente C.C.M.A. passou em consulta na especialidade de urologia no dia 11 de março deste ano, no Hospital do Coração, localizado no município de Franca. Na ocasião, ela não informou que era conveniada ao Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE), que passou a assumir o caso da paciente."

Iamspe
O órgão foi procurado pelo GCN/Sampi e se houver manifestação, o posicionamento será publicado nesta matéria.

Matéria atualizada às 20h40