26 de dezembro de 2024
CLIMA ESQUENTOU

Plateia critica privatização da Sabesp em audiência em Franca; 'fachada', diz Cortez

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
Pedro Baccelli/GCN
Audiência pública no Teatro Municipal de Franca: oposição à privatização da Sabesp

Dificilmente a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, esquecerá Franca. Não pelo serviço de distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto realizado pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), mas pela audiência pública realizada para discutir a desestatização da empresa, que aconteceu nesta terça-feira, 5, no Teatro Municipal.

Após visitar a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) da Sabesp, na rodovia Cândido Portinari, no período da manhã, a equipe governista iniciou a audiência às 14 horas. Com o clima ameno na plateia, Natália discursou durante 1 hora para cerca de 100 pessoas – segundo o Estado, a capacidade máxima era de 250. Com metas a serem cumpridas gradativamente, como a modernização da rede de esgoto e a universalização dos serviços oferecidos, a previsão é de R$ 260 bilhões em investimentos no setor até 2060. Os textos da apresentação eram quase ilegíveis, apesar dos dois telões os reproduzindo. Bandeiras com dizeres "não a privatização" foram estendidas em frente ao palco.

Oposição ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), o deputado estadual Guilherme Cortez (Psol) estava na primeira fileira, sentado ao lado do prefeito Alexandre Ferreira (MDB). Ao final do discurso da secretária, o parlamentar foi o primeiro a usar a palavra.

“É uma audiência de fachada. Estamos aqui, às 15 horas, no meio da semana e com o plenário praticamente vazio para discutir no ‘tapetão’ – com 3 minutos para cada pessoa falar – a privatização da principal empresa pública do estado de São Paulo (...) se o Governo tivesse realmente algum interesse em ouvir a opinião da população voltaria atrás desse processo”, disse Cortez.

As críticas não se limitaram apenas à forma que a audiência pública foi realizada. “Aqui em Franca a gente universalizou o saneamento básico há mais de 20 anos, e agora a secretária disse que precisa desestatizar para adiantar a universalização em quatro anos. É só apostar mais na Sabesp (...). A privatização da Sabesp, apesar de tudo o que a secretária disse, vai aumentar a conta de água, assim como todo serviço essencial que a gente entrega para a iniciativa privada”, completou.

Apesar da sessão ordinária da Câmara Municipal de Franca também começar às 14 horas, os vereadores Gilson Pelizaro (PT), Ronaldo Carvalho (Cidadania) e Zezinho Cabelereiro (PP), que fazem parte de uma comissão que discute o tema, participaram do encontro. “Justamente no horário que discutiríamos a Ordem do Dia, que são os projetos que interessam para a cidade, coincide com a audiência pública, parecendo que a Câmara seria lesada mais uma vez”.

Com um discurso polido, sem tomar partido a favor ou contra a desestatização, Alexandre Ferreira foi o último da plateia a usar a palavra. Ressaltou que 147 famílias contam com pessoas trabalhando na companhia, e pediu que o Governo não as esquecesse, além de exigências para a cidade. “A gente precisa garantir qualidade, que a nossa cidade continue sendo o melhor saneamento básico do país e garantir a nossa referência internacional”.

Ao final do discurso, manifestantes gritaram pedindo uma posição clara, mas, o emedebista se manteve em silêncio. Durante a audiência, houve reclamações da plateia sobre o pouco tempo de fala disponibilizado para cada participante, além de aplausos para aqueles que defendiam calorosamente a não privatização da companhia.

Outras quatro audiências para ouvir a população já foram realizadas na capital paulista, Registro, Santos e São José dos Campos. Depois de Franca, a programação ainda conta com sessões em Presidente Prudente, no dia 7 de março; e Lins, no dia 12; além de uma sessão virtual, que será realizada pelo YouTube no dia 14.