As vezes pensamos que Deus se cansa de nos convidar a viver de modo diferente, ao perceber que não queremos ser renovados.
A Palavra, neste domingo, nos ensina como Deus age nessas horas.
Primeira Leitura: Jonas 3.
A história de Jonas foi escrita aproximadamente quatrocentos e cinquenta anos antes de Cristo, na época difícil de reconstrução nacional, depois da volta dos exilados da Babilônia.
Na época em que escreve, Nínive já está reduzida a um montão de escombros há quase duzentos anos.
Os israelitas a odeiam, torcem com impaciência por sua destruição e se perguntam como poderão apressar o dia da vingança.
Há uma única maneira, pensam eles, de convencer a Deus para intervir o mais depressa possível contra esses inimigos arrogantes e zombeteiros: fazer com que se tornem sempre mais malvados.
Jonas representa os israelitas que nem sequer querem ouvir falar da conversão dos pagãos.
Quando é chamado pelo Senhor, o profeta não responde uma só palavra.
Diante da teimosia do seu enviado, Deus não desanima. Jonas é jogado ao mar, um enorme peixe o engole e o reconduz à praia. Estando ali, lhe é dirigido o convite do Senhor: “Levante-te, vai para Nínive, a grande cidade e anuncia aos seus habitantes aquilo que eu te disser”.
Qual a mensagem que esta narrativa nos transmite hoje?
Na leitura de hoje Deus ensina que não existem inimigos a serem derrotados, mas irmãos que devem ser convertidos e ajudados para conseguirem a felicidade.
Segunda leitura: 1º Coríntios 7.
O tempo é breve, quem tem mulher viva como se não a tivesse, quem compra como se não possuísse, quem usa dos bens materiais, como se não os usasse. Esta é, em síntese, a mensagem que nos é transmitida nesta leitura. Parece um chamado urgente ao desprezo dos bens materiais.
Não é isso, porém, o que Paulo pretende recomendar. Ele quer somente que os cristãos saibam atribuir o justo valor às realidades terrestres: são importantes, é verdade, mas não são eternas.
Evangelho Marcos 1.
O trecho de hoje começa com uma breve introdução em que entra em cena Jesus que percorre os povoados perdidos nas montanhas da Galileia, anunciando o Evangelho de Deus.
Jesus anuncia o “evangelho”. Hoje nós usamos esse termo para indicar um livro, mas no tempo de Jesus “evangelho” era uma palavra de uso comum e queria dizer “boa notícia”. Eram conhecidos como “evangelhos” todos os anúncios felizes.
No começo do seu livro Marcos apresenta Jesus como o arauto, o mensageiro encarregado para proclamar a todos os homens uma notícia tão extraordinária, tão surpreendente, capaz de despertar em todos os ouvintes um júbilo imenso.
Há duas condições indispensáveis para sentir essa alegria: é preciso “converter-se e acreditar”.
A conversão envolve uma mudança radical no próprio modo de pensar.
Além disso é preciso crer. A fé consiste na adesão corajosa e incondicional à sua proposta de vida.
Monsenhor José Geraldo Segantin é reitor do Santuário Diocesano de Santo Antônio