23 de dezembro de 2025
HISTÓRIA

Monumentos históricos de Franca seguem sem manutenção e placas de identificação

Por N. Fradique | Da redação
| Tempo de leitura: 4 min
Arte/GCN
Relógio do Sol e estátua de Orlando Dompieri são exemplos de descaso e alvos de furtos

A onda de furtos atinge também estátuas, monumentos e outros símbolos históricos de Franca. Essas figuras não podem fazer nada, mas o Poder Público tem a responsabilidade da manutenção e conservação desses patrimônios culturais da cidade, que neste ano vai completar seu bicentenário. 

Franca conta com pelo menos 15 monumentos públicos importantes que, de alguma forma, colaboram para formar a vasta e rica história da cidade, mas a maioria sofre com o descaso e muitos não possuem mais a placa de identificação. Isso sem dizer dos vários prédios históricos - entre eles, a antiga Unesp e o Colégio Champagnat -, que estão abandonados na cidade.

O Relógio do Sol, um dos principais cartões postais da cidade, que fica na praça central da cidade, Nossa Senhora da Conceição, é o retrato do desleixo. A pessoa que busca informações sobre a obra construída por Frei Germano de Annecy, matemático e astrônomo, natural de Saboia, na França, que residiu em Franca em 1887, fica sem resposta.

Quem passa pela avenida Orlando Dompieri, se depara com uma estátua de corpo inteiro de um homem, mas poucos sabem de quem é a réplica que nomeia uma das vias mais movimentadas da cidade. No monumento, há as marcas da placa que um dia fora colocada ali, e explicava que Dompieri foi um artista de teatro, radioator e novelista de Franca.

Mauro Ferreira, doutor em arquitetura e urbanismo, professor do mestrado em Políticas Públicas da Unesp - Franca, autor do livro "Vila Franca d´el Rey - 200 anos de arquitetura e urbanismo", que conta a história da cidade através do tempo pelas suas construções, lamenta o descaso com os monumentos e edifícios de caráter histórico da cidade, em especial aqueles tombados como patrimônio histórico pelo Condephat municipal.

“Infelizmente, esse cuidado pelas administrações municipais tem sido ineficaz. Basta ver a precária situação dos prédios do museu histórico, dos antigos colégios Champagnat e Lourdes, dentre outros. O descaso não é só do poder público, é dos particulares também, como comprova a absurda queda da cobertura do ginásio do Clube dos Bagres, que poderia ter provocado uma tragédia sem precedentes”, disse.

O professor e escritor lamenta não haver um processo de educação patrimonial permanente, que envolva a comunidade na preservação do rico patrimônio, que conta a história da cidade através dos tempos. “As placas dos monumentos desaparecem por furto e não são repostas, mas também não há ações educacionais por parte do Poder Público. Nunca houve uma estruturação de um setor de conservação do patrimônio no governo local, restrito a ações pontuais de tombamento que não são acompanhadas por conservação e manutenção dos bens tombados de forma permanente”.

Ferreira diz que é preciso urgentemente estruturar um sistema de preservação desses patrimônios, principalmente neste ano em que a cidade vai comemorar uma data tão importante. “Nestes 200 anos que Franca comemora, sua história tem sido destruída pela ação do tempo e pelo descaso, sem que haja um olhar específico da sociedade e do poder público sobre isso”.

Em 2021, a Prefeitura disse que estava elaborando um planejamento de manutenção e conservação para que o público pudesse visitar e obter todas as informações dos monumentos, mas até hoje não saiu do papel.

O prsidnete da Feac (Fundação, Esporte, Arte e Cultura), Matheus Caetano, que responde pela área de arte e cultura do município de Franca, disse nesta semana que a Prefeitura está com licitação aberta para aquisição de placas para recolocar nos monumentos, mas não esclareceu nada sobre o planejamento de manutenção e conservação dos símbolos históricos da Franca do Imperador.

“As placas que não foram localizadas devido aos furtos, serão substituídas por placas de acrílico, contendo QR Code, contando a história de cada monumento. Foi aberta a licitação para a aquisição do material, seguindo os trâmites administrativos”.

Os principais monumentos de Franca
Relógio do Sol (localizado na praça central Nossa Senhora da Conceição); Fonte Luminosa Quatro Estações (praça Nossa Senhora da Conceição); Concha Acústica (praça Nossa Senhora da Conceição); Soldado Constitucionalista (Praça 9 de Julho); Cristo Redentor (avenida Presidente Vargas); José de Anchieta (praça João Mendes); Presidente Getúlio Dorneles Vargas (avenida Presidente Vargas); São Pedro (bairro Miramontes); Índio (praça Barão de Luca, Estação); Marcelino Champagnat (prédio do Champagnat); O Pensador de Rodin (praça Carlos Pacheco); Trabalhador (Praça 1º de Maio); Ao Sapateiro (rotatória da rua Alfredo Tossi com a rua dos Sapateiros); Liberdade (praça Sabino Loureiro, Estação); Atleta (Praça 1º de Maio); Dr. Ismael Alonso y Alonso (avenida Ismael Alonso y Alonso); Orlando Dompieri (avenida Orlando Dompieri); e Mãe Preta (praça Ana Belmonte).