18 de dezembro de 2025
DRAMA

Filme narra sequestro de avião da Vasp, quando era presidida por Sidnei Rocha

Por Giselle Hilário | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Ju Chalita/Divulgação
O diretor Marcus Baldini e o elenco do filme 'O Sequestro do Voo 375'

Sidnei Rocha, ex-vereador e ex-prefeito de Franca, era presidente da Vasp quando o voo 375 foi sequestrado. Para quem não se lembra, o caso ocorreu em 29 de setembro de 1988. O piloto Fernando Murilo de Lima e Silva iniciou um voo de Porto Velho, Rondônia, para o Rio, mas quando partia da sua última escala, em Belo Horizonte, o passageiro Raimundo Nonato Alves da Conceição anunciou o sequestro e ordenou a mudança de rota para Brasília, rumo ao Palácio do Planalto. Seu objetivo era matar o então presidente José Sarney.

O ato terminou frustrado, mas não sem sua cota de tragédia: o copiloto Salvador Evangelista foi assassinado com um tiro na cabeça. Único autor do crime, Nonato, que trocou tiros com a polícia em Goiânia, morreu pouco depois do atentado ser evitado.

Ainda hoje, o caso fascina. E virou filme. O Sequestro do Voo 375 chegou aos cinemas – mas ainda não está em cartaz em Franca – com um enredo baseado na história do que poderia ter sido uma das maiores tragédias da aviação no Brasil.

Sidnei Rocha ainda não viu o filme, mas vai. Trinta e cinco anos depois, Rocha define o ocorrido como “assustador” e elogia a postura do piloto do início ao fim.  Ele conta que estava trabalhando quando foi avisado do sequestro da aeronave e, após autorização para pouso, seguiu para Goiânia para acompanhar o desenrolar do caso. “Poderia ter ocorrido uma grande tragédia”, diz. Ele só voltou para São Paulo quando tudo estava terminado.

O ex-presidente da Vasp lembra que o ocorrido fez com que os aeroportos aprimorassem seus sistemas de segurança. “Um homem jamais poderia ter entrado armado numa aeronave”, diz. Em relação à segurança nas aeronaves, Sidnei Rocha diz que as companhias aéreas sempre seguiram padrões internacionais.

Veja a seguir algumas particularidades sobre o caso.

Motivação
Raimundo Nonato, o sequestrador, ao que se sabe e levando em conta o que fou publicado na época, era movido apenas pela ira que sentia do governo de José Sarney. Ele havia perdido o emprego por causa da grave crise econômica vivida pelo Brasil na época e culpava o então presidente Sarney pela crise financeira pela qual passava.

A ação
Nonato resolveu colocar seu plano em ação quando o avião partia da sua última escala, em Belo Horizonte. Ele levantou-se de seu assento e foi em direção à cabine de comando. Mas antes de chegar à porta, foi impedido pelo comissário de bordo Ronaldo Dias. Nonato reagiu e atirou, machucando Dias na orelha. O barulho, porém, alertou os pilotos, que trancaram a porta da cabine, mas ele conseguiu entrar.

Copiloto morto
Fernando Murilo de Lima e Silva, piloto do avião, conseguiu acionar o código 7500 no transponder – usado para avisar aos órgãos de controle de tráfego aéreo de que o avião está sob "interferência ilícita". Com o alerta, um caça Mirage da FAB (Força Aérea Brasileira) decolou da base aérea de Anápolis (GO) para acompanhar o voo.

Ainda sem saber as reais intenções do sequestrador, o comandante seguiu as orientações dele e mudou o rumo da aeronave. Quando o copiloto Salvador Evangelista se abaixou para pegar o rádio e confirmar a mudança de rota, Raimundo Nonato colocou o revólver em sua cabeça e atirou.

Avião de cabeça para baixo
Para evitar a ida ao Planalto, o piloto Fernando Murilo de Lima e Silva tentou convencer Nonato de que o clima estava ruim em Brasília e não conseguiria sobrevoar a região. Silva também alegou estar com pouco combustível e o convenceu a desviar a rota para Goiânia.

Mas quando o sequestrador ordenou uma nova mudança, desta vez para São Paulo, Fernando Silva fez um "tonneau" – para descrever de maneira simplificada, virou o avião de cabeça para baixo e, depois, voltou à posição normal de voo. A manobra arriscada é comum em caças, mas ninguém sabia, até então, que era possível realizar com um avião comercial. Depois, em outra manobra arriscada, o piloto colocou o avião em estol, isto é, em queda livre. E desta vez, relata a imprensa à época, o sequestrador foi jogado para fora da cabine da aeronave, dando tempo para o pouso em Goiânia.

Tiros na pista
Raimundo Nonato ainda ficou 5 horas dentro da aeronave, pedindo um avião menor para fugir. O sequestrador desceu do Boeing 737 levando o comandante e dois comissários como reféns. Em troca de tiros, os comissários conseguiram correr para um matagal ao lado da pista. O sequestrador descarregou seu revólver na direção do comandante, que acabou atingido na perna. Outros policiais que estavam no local atiraram contra o criminoso, que foi atingido três vezes. Nonato foi encaminhado para o hospital após levar três tiros e morreu dias depois.

O filme
O Sequestro do Voo 375 chega aos cinemas sob olhar do diretor Marcus Baldini. O filme é focado nos desafios do piloto Fernando Murilo de Lima e Silva e as manobras realizadas por ele para desestabilizar o sequestrador. Tem classificação indicativa para 14 anos. No elenco, entre outros atores e atrizes estão Danilo Grangheia, César Mello e Jorge Paz.