14 de dezembro de 2025
199 ANOS

67% dos francanos têm ligação com os calçados, mas maioria vê futuro em outro setor

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Sampi/Franca
Reprodução/Sindifranca
Linha de montagem de calçados em fábrica

Franca e calçados. Ao longo de décadas a relação entre ambos era quase de sinônimos - quando se falava de um, automaticamente, pensava no outro. Cenário que se transformou após crises econômicas, altas taxas de juros e a consolidação dos concorrentes, em especial, a China e o Estado de Minas Gerais, este com impostos mais baixos que São Paulo.

Não à toa, segundo dados do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), a projeção é que o setor feche 2023 com 15.022 empregados formais - representando 47,28% a menos do que os 28.496 funcionários registrados em 2013, considerado ano "mágico" pela Indústria.

Pesquisa da Ágili, contratada com exclusividade pelo Portal GCN/Rede Sampi, mostra que 33,33% dos entrevistados é ou foi trabalhador de uma banca de pesponto ou fábrica de sapatos em Franca. Quando perguntado se alguém da família já atuou no setor, o percentual sobe para 67,17%.

Um dos exemplos é Roselane Cristiana de Morais, de 46 anos, que trabalhou como revisora de cabedal e peças na indústria calçadista ao longo de 18 anos. "Na época, era muito valorizado. Trabalhávamos em equipe e com amor à profissão que tínhamos. O trabalho era feito com capricho e tínhamos o reconhecimento dos patrões".

A moradora da Vila Tótoli não conseguiu vaga em creche para o filho quando pequeno e decidiu trabalhar em casa como manicure. Os anos se passaram e não se enxergava mais dentro de uma fábrica de sapatos. "Queria um desafio maior e veio a vontade em ter uma graduação".

Vontade realizada. Formou-se em pedagogia com 40 anos pela Unifran (Universidade de Franca) em 2018. Roselane não é um caso isolado, mas representa uma migração de francanos para outros setores da economia.

E prova disso está em um dos resultados da pesquisa. Para 56,64% dos entrevistados, o futuro da cidade está ligado a "Outro Tipo de Indústria", enquanto 39,10% ainda apostam no calçado.

Apesar da transformação empregatícia, as grandes fábricas - algumas da época de ouro - seguem na memória dos francanos. Com 20,85% dos votos, a Ferracini foi a marca mais lembrada pelo público. Completam o pódio: Democrata e Samello, com 18,84% e 18,59%, respectivamente.

Samello, inclusive, foi uma das fábricas em que Roselane trabalhou durante quatro anos, entre 1997 e 2000. Tempo que ela guarda com carinho. "Bons tempos, com verdadeiras amizades e uma empresa que tratava os funcionários como família".

A indústria calçadista possibilitou e possibilita o sustento de inúmeras famílias do Jardim Aeroporto até o City Petrópolis, e do Distrito Industrial até o Jardim Paulistano. O calçado de couro masculino segue presente na bandeira e, também, na memória dos 352 mil habitantes desta terra. Franca 199 anos.