26 de dezembro de 2025
DIAS QUENTES

Calor extremo na região de Franca põe em risco trabalho sob o sol: 'queima a pele'

Por Karla Rodrigues | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Matheus Martins
O pintor Marcelo Donizeti de Souza diz que nos dias de calor extremos a pele dele queimou: 'está queimada até hoje'.

Às 14h de sexta-feira, 23, o termômetro marcou 27ºC em Franca. Bem diferente dos dias anteriores, quando uma onda de calor extremo atingiu o Brasil. Na região, o termômetro ultrapassou os 30º C. Quem trabalha sob o sol, sofre com as altas temperaturas. É preciso muita água e proteção para amenizar o calor.

No caso do pintor Marcelo Donizeti de Souza, 53 anos, os dias quentes foram difíceis para trabalhar. “Queimava a pele, a minha está queimada até hoje. Mesmo a gente, usando alguma proteção, camisa de manga longa, chapéu com aba maior atrás, foi bem complicado. O problema não foi só a incidência do sol na pele, mas também a sensação térmica”, explica.

Todo o serviço é pensado estrategicamente para aproveitar os poucos momentos de sombra. “A gente procura trabalhar conforme o sol vai virando”. Dessa forma, durante a manhã, Marcelo faz o trabalho no local com sombra, e à tarde vai para o lado oposto. “Não dá para ficar direto, é insuportável. Você começa a ficar tonto”, relata o pintor.

Outro profissional que sofreu com as altas temperaturas foi o pedreiro Nilton César Mendes, 49 anos. “Cheguei a passar mal, continuei trabalhando, estava muito quente. Eu parei, dei um tempo e voltei de novo”, diz o pedreiro. Na última semana, ficou ‘empipocado’ e com ardência na pele, e apesar disso, não procurou o médico.

“Toma água, corre para a sombra de vez em quando. Tem lugar que nem sombra tem, depende do serviço. Onde eu estou trabalhando agora, tem sombra. A gente dá umas pausas e vai para se proteger porque não dá conta”, conta Nilton como se tem se protegido nos últimos dias.

Essa alternativa também é utilizada pelo auxiliar de limpeza Saulo de Paula Mathias Lopes, 37 anos. “Bebo muita água, uso protetor solar para não dar doenças. Trabalho uma hora e descanso dez minutos”. Como precisa limpar toda a parte externa da empresa do setor agrícola, o serviço debaixo do sol em dias quentes acaba sendo exaustivo. “Em dez minutos de trabalho, você já fica suado”.

No caso do pintor Gabriel Pomini de Souza, 29 anos, são cerca de sete horas por dia de trabalho sob o sol. “Não ‘batido’. São quatro horas, horário de almoço, depois a parte da tarde”. Devido a grande exposição, Pomini já sentiu mal-estar e dores de cabeça. “Atrapalha no rendimento do serviço porque ninguém aguenta. Tem que parar um pouquinho, o corpo pede”.

Prevenção
Por isso, é importante manter a hidratação. De acordo com o Seconci-SP (Serviço Social da Construção de São Paulo), quando há desidratação em estágios mais avançados, pode causar queda da pressão, convulsões e, em alguns casos, levar até à morte.

Outras dicas da entidade são usar uniformes de algodão e cores claras, com mangas. O tecido facilita a evaporação e auxilia no controle do equilíbrio térmico. Além de usar capacete com protetor de nuca, aplicar o protetor solar 30 minutos antes do início da exposição ao sol e reaplicar a cada 2 horas.

Previsão
Nos próximos dias, o tempo em Franca e região deve ficar instável. A previsão do Climatempo tem alerta para chuvas, porém as temperaturas devem manter-se entre 29ºC, ou seja, o calor permanece.