Uma quadrilha de 10 pessoas acusadas de agiotagem foi alvo da operação Maré Alta do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), em conjunto com a Polícia Militar na manhã desta quarta-feira, 22, em Franca.
Segundo o Ministério Público, as investigações identificaram que uma quadrilha de agiotagem atuava na região de Franca, emprestando dinheiro a juros exorbitantes e fazendo o uso de violência e grave ameaça às vítimas para cobrar os valores.
Foram cumpridos dez mandados de prisão temporária e 13 de buscas e apreensão. Os 10 envolvidos cumpriram o mandado de prisão temporária, que poderá ser prorrogado pela Justiça. São eles: Marcela de Pádua Lima, Bruno Costa, Natã Leal, Jean Cardoso, Douglas Carvalho Rosa, Wesley Henrique Paulista da Silva, André Augusto Ferreira, André Oliveira Venancio, Rodolfo Lomonaco e Gustavo Migueletti.
Muitos dos envolvidos que foram presos gostavam de ostentar e mostrar a vida de luxo nas redes sociais que levavam graças ao dinheiro de agiotagem. Nas redes sociais dos acusados, era possível ver fotos de carros de luxo e viagens para pontos turísticos do Brasil e do exterior.
Gustavo Migueletti, que foi preso nesta quarta-feira, é casado com uma influencer digital conhecida em Franca e região. No perfil do Instagram, o casal exibia viagens para Cabo Frio (RJ) e Búzios (RJ).
Outro acusado, André Augusto Ferreira, compartilhava suas viagens para fora do Brasil, em Paris. André Oliveira Venâncio era gerente de banco e usava os dados de sua agência para fornecer as informações para a quadrilha. Nas redes sociais, é possível ver André em uma viagem para Las Vegas (EUA).
Rodolfo Lomonaco aparece em uma foto no seu perfil com uma BMW e uma viagem para Londres. Já Marcela de Pádua Lima gostava de ostentar em seu perfil ao lado de fotos de carros de luxo, aparecendo em uma Mercedes-Benz.
Segundo o Gaeco, durante as diligências foram localizadas centenas de notas promissórias que, contabilizadas, somam mais de R$ 1,5 milhão de dívidas. A operação também apreendeu diversos celulares, notebooks, anotações com a contabilidade dos valores emprestados a juros considerados exorbitantes, relógio de luxo, arma de fogo, um simulacro de fuzil, além de cheques e cartões de crédito em nome de laranjas e a quantia em espécie de cerca de R$ 2 mil, além de 600 dólares.
Castelo de Areia
Nesta sexta-feira, 24, uma outra operação foi deflagrada pelo Gaeco: a Castelo de Areia foi realizada pela manhã e cumpriu 7 mandados de prisão e busca e apreensão. Quatro pessoas foram presas em Franca, e três estão foragidas pela Justiça.
Um dos quatro presos nesta sexta, acusado de integrar a organização criminosa, é Evanderson Guimarães. Outros três acusados estão foragidos, entre eles o ex-policial civil Rogério Camillo Requel. Evanderson também usava as redes sociais para mostrar seus carros de luxo.
Segundo o Ministério Público, essa quadrilha agia com mais violência ainda que o bando desmantelado na última quarta-feira – ambos os casos não possuem ligação entre si. O ex-policial seria o responsável por fazer as cobranças e intimidar os devedores.
"A diferença desta quadrilha para a da Operação Maré Alta, é que essa organização agia com mais violência. Eles usavam um policial civil para amedrontar e ameaçar as vítimas", afirma o promotor Rafael Piola.
O ex-policial civil pediu e foi exonerado do cargo público no último mês de setembro.
Segundo o Gaeco, as quebras bancárias dos investigados mostraram uma movimentação aproximada de R$ 36 milhões nos últimos três anos.