24 de dezembro de 2025
ECONOMIA

Criação de empregos cai 60% em Franca: 'sem perspectiva de melhora'

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Sampi/Franca
Reprodução/Portal da Indústria
Linha de montagem de calçados em fábrica

Franca gerou 3.915 empregos de janeiro até setembro de 2023 – o que representa uma redução de 60% comparado aos 9.822 postos criados no mesmo período do último ano, como mostram dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). A desaceleração da economia levanta a pergunta: O que esperar dos próximos meses?

Tradicional setor da economia, e responsável pela fama da cidade, a indústria calçadista responde essa questão. “O saldo será negativo em relação aos anos anteriores, sem perspectiva de melhoras em 2024”, afirma o presidente do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), José Carlos Brigagão.

No caso dos calçados, as empresas não conseguiram fechar pedidos suficientes para operar a pleno vapor no último trimestre. “As nossas exportações em 2022 fecharam em US$ 89,7 milhões. As nossas expectativas para este ano são de US$ 72,1 milhões, portanto, um déficit de US$ 17,6 milhões, consequentemente impacta as contrações no ano”.

Impactos que já foram notados. O ano ainda não acabou e, segundo o Caged, a Indústria já fechou cinco meses (março, abril, maio, junho e agosto) com saldo negativo nas contratações. A recorrência no vermelho resultou em apenas 1.151 vagas abertas até setembro, contra 4.994 no mesmo período de 2022 – desaceleração de 76%.

O setor industrial não foi o único a registrar queda. A Agropecuária e o Comércio, por exemplo, contabilizaram redução de 84% e 36%, respectivamente. A reportagem questionou o Sindicato Rural de Franca e a Acif (Associação de Comércio e Indústria de Franca) sobre os números, mas não obteve resposta até o fechamento deste texto.

Brigagão explica que os resultados passam pela recessão sofrida no país. Os consumidores estão reduzindo, cada vez mais, para itens básicos – além da inadimplência no setor varejista, com consequência direta no consumo de calçados.

“Soma-se a esta situação o constante aumento das importações de calçados de couro vindos da Ásia. Estes calçados competem diretamente com os calçados de Franca. Nossas exportações têm acumulado resultados negativos desde fevereiro deste ano, em relação a 2022, o que sugere que tanto a economia interna como a externa estão em crise”.

Os empresários ainda sofrem com aumento da energia elétrica e combustíveis, alta carga de juros, ausência de linhas de crédito direcionados, falta de infraestrutura e logística, maior carga tributária do planeta e insegurança jurídica.

Ainda segundo Brigagão, os setores ganhariam fôlego com uma “sonhada” reforma tributária. “Sem uma reforma abrangente e igualitária, este sonho vai virar pesadelo. Além dessa, é altamente necessária uma reforma administrativa, com a consequente redução da máquina pública administrativa, bem como mecanismos que garantam a segurança jurídica”, finaliza.