18 de dezembro de 2025
ADEUS

Cecília, filha do meu irmão Kaique e da Stefany, voltou a morar com Deus

Por Luciano Tortaro | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução
Cecília e sua família: mãe Stefany, irmã Manuela e pai Kaique

Imagine uma pessoa que nasceu para ser pai. Imagine um ser especial que Deus colocou nesta Terra para cuidar de crianças. De repente, Deus colocou - sei lá por quê - o Kaique na minha vida. E assim, a Cecília Valério de Castro - um anjo que nos deu 193 dias de sua presença terrena.

Cada ida ao médico, no pré-natal da Cecília, era motivo de uma falação interminável do Kaique, um papai babão, que fazia questão – em todo momento – de evidenciar seu amor pela Manu e pela irmãzinha dela que estava por vir. Toda ida da Stefany ao médico era motivo de um dia até cansativo na Redação – o Kaique não parava de falar do exame, do que o médico disse, do que ele viu, do que sentiu.

Mas como pai de duas, eu sabia exatamente o como ficamos quando o assunto são nossos filhos.

Acompanhamos todos, todos os passos da gestação da Cecília na redação do GCN.

O Kaique falava que “reparava” a Maya, minha filha mais nova, para que a Cecília puxasse a ela.

A gravidez seguiu. Alguns exames apontavam um rumo, nós rezávamos para outro.

Deus deve saber o motivo.

Rezamos até o exame alguns dias depois de a Cecília nascer. O diagnóstico foi Síndrome de Edwards. Dizem que essa síndrome não é compatível com a vida. Guerreira, como ela só, Cecília provou que a vida é de quem vive. Ninguém, diagnóstico nenhum, decide nada.

Rezamos.

Querendo muito, e 42 anos depois, fui alçado a padrinho. Padrinho da Cecília. Não foi por acaso. Não sei como, mas Deus inspirou o Kaique e a Stefany a escolherem a Helen e a mim, para sermos padrinhos desta bebezinha tão pequeninha, tão frágil, tão linda, tão especial, que nem pensamos no privilégio do que Deus estava nos proporcionando. Apenas mergulhamos. Mergulhamos num universo desconhecido. Mas um universo de intenso amor.

Foram sete meses. Infelizmente, de poucos dias ao lado da Cecília. Mas foram suficientes para a Maitê e a Maya sentirem o que é o amor e a segurarem no colo. Foram poucos e suficientes dias para eu sentir que Deus existe e, sim, neste momento de imensa e indescritível dor, cuida de nós.

E que Ele cuide e abençoe o Kaique e a Stefany. Eles são especiais, mas o amor de Deus é indispensável até para pessoas extraordinárias.

E se a Cecília nos deixou às vésperas do Dia dos Pais, não foi à toa. Deus há de confortar o coração e explicar o inexplicável à mente do meu irmão.