Neste domingo, Dia dos Pais, Deus vem, por meio de sua Palavra, revelar a sua face e o seu coração para todos nós.
Vamos refletir.
Primeira Leitura: Iº Livro dos Reis 19.
Elias viveu num período histórico caracterizado por profundas mudanças políticas e sociais.
Estamos no século IX antes de Cristo.
Elias foge então para o sul, em direção do deserto, onde se encontra o monte de Deus: Oreb e Sinai. Neste lugar, quatrocentos anos antes se refugiou também Moisés e ali ele encontrou Deus.
A leitura de hoje nos conta que, tendo chegado ao Oreb, Elias recebe a revelação de Deus.
Para grande espanto seu, porém, Elias percebe que o Senhor não se encontra no vento, nem no terremoto, nem no fogo, mas no murmúrio de uma leve brisa.
Mudando o modo de se revelar, o Senhor quer dar a entender ao profeta que o seu modo de imaginar a face de Deus não é puro, está ainda ligado ao conceito pagão, supersticioso e obscurantista de representar a Deus.
Segunda Leitura: Romanos 9.
Neste trecho da Carta aos Romanos Paulo enfrenta um problema que o angustia profundamente: porque os judeus, seus patrícios, rejeitaram a Cristo.
Na leitura deste dia, ele revela que estaria disposto até a ser excomungado e separado de Cristo, se isto pudesse servir para recuperá-los.
Esta experiência de Paulo é a imagem daquilo que frequentemente acontece também em nossos dias.
Evangelho: Mateus 14.
Quando nos Evangelhos encontramos que Jesus cura os doentes, se aproxima dos leprosos e toca os, expulsa os demônios, entendemos logo que, através destes gestos, ele quer revelar o amor do Pai para todos aqueles que sofrem no corpo e no espírito.
Este trecho do Evangelho parece mesmo a continuação da primeira leitura. Deus revelou gradualmente a sua face: primeiro, na criação, depois a Abraão, aos patriarcas, a Moisés.
Na manifestação para Elias, no monte Oreb, há um grande destaque no modo de entender e de falar de Deus: pela primeira vez alguém entende que Deus não deve ser confundido com os fenômenos da natureza. O Evangelho de hoje nos conclama a dar mais um passo, decisivo; reconhecer a face de Deus no Ressuscitado, que estende a mão aos discípulos que se sentem sós e se debatem nas adversidades da vida.
Monsenhor José Geraldo Segantin é reitor do Santuário Diocesano de Santo Antônio