Sem uma resposta concreta de investimento para resolver a falta de leitos de internação na rede pública, o prefeito Alexandre Ferreira (MDB) disse nesta sexta-feira, 23, que já acionou os representantes do governador em busca de uma solução, e ao mesmo tempo disparou contra a Santa Casa, hospital de referência no atendimento SUS na cidade. As declarações foram dadas em entrevista ao programa A Hora é Essa, da rádio Difusora, ao jornalista Corrêa Neves Jr.
“A Santa Casa veio com essa história de oferecer 10 leitos, mas os leitos já existem, estão lá. Ela queria que a gente criasse leitos, ou seja, que a gente pagasse com se fosse criar os leitos. A Santa Casa também dificulta o processo", disse o prefeito.
"Ela (a instituição) tem que entender que é uma prestadora de serviço, não uma definidora de ações. A Santa Casa acaba dificultando o processo na medida em que nós vamos propor comprar, por exemplo, mais cateterismo com dinheiro federal, e ela não aceita fazer isso nem por duas tabelas SUS. Acaba criando uma dificuldade para a gente colocar o paciente lá. A Santa Casa, às vezes, disponibiliza vagas para nós às 3h da madrugada. Quem em sã consciência vai dar alta a um paciente nesse horário?", disse ainda o prefeito Alexandre.
"Novo código de atendimento"
Alexandre disse também que a Santa Casa criou novo código de atendimento para a vaga zero (pacientes que necessitam de vaga urgente). “Criaram o código A8, que não é uma vaga zero, mas ela deixa nossa ambulância esperando 3 horas na porta da Santa Casa. A gente fica refém dessa situação, e o paciente fica na porta da Santa Casa”.
O prefeito disse ainda que presta todos os serviços que são da responsabilidade do município e o Estado é quem diz onde e quando o paciente deve ser internado. “Um prestador de serviço entende a lógica financeira do processo, e não a lógica da necessidade da população, em termos de melhoria de qualidade de atendimento e assistência de saúde. A lógica financeira da instituição não pode prevalecer em cima da lógica de necessidade de saúde da população inteira. Na covid eu paguei, agora nem pagando, mas no particular está fazendo. Nós pedimos 10 leitos e eles (Santa Casa) vieram com uma proposta de milhões de reais, pedindo ajuda para construir isso, aquilo, comprar equipamentos. Não era isso que a gente queria, era só por um período, depois a gente pensaria de outra forma”, disse Alexandre.
O Chefe do Executivo de Franca informou que, enquanto espera uma resposta do Estado, vai promover algumas mudanças no serviço para melhorar o atendimento aos pacientes. “Eu vou fazer algumas mudanças dentro do meu serviço para melhorar o atendimento e o acompanhamento do paciente que precisa ir para o hospital. Vamos manter a Central de Regulação funcionando pela Cross. Vamos colocar um médico para melhorar esse processo, melhorar a avaliação dos pacientes. Se o paciente precisar de internação, vamos mandá-lo para um hospital, ou seja, Santa Casa ou hospital da região”.
Reunião no gabinete
A declaração do Secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Eleuses Paiva, durante reunião da Comissão da Saúde, na Assembleia Legislativa, na última terça-feira, 20, movimentou Franca. O prefeito disse que se reuniu, nesta sexta-feira, 23, com representantes da Secretaria de Saúde do Estado reafirmando a necessidade da abertura de pelo menos 10 leitos prometidos por Eleuses Paiva. O prefeito reuniu-se com Osmar Mikio Moriwaki, coordenador de Saúde das regiões, e Domingos Guilherme Napoli, coordenador médico do Siresp (Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo).