26 de dezembro de 2025
RACISMO

'Foi chamado de africano pela professora', denuncia pai de garoto de 15 anos

Por Jéssica Reis | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução/Google View
Escola Estadual 'Dr. João Marciano de Almeida', em Franca, onde aluno teria sofrido racismo de uma professora

Um aluno da Escola Estadual "Dr. João Marciano de Almeida", em Franca, relatou para seu pai que foi chamado de africano pela professora de geografia do primeiro ano do ensino médio da instituição. O caso aconteceu na semana passada.

A situação teria acontecido durante o horário escolar. “Percebi meu filho triste e questionei. No primeiro momento, ele não falou, mas depois me contou que, durante a aula, a professora estava trocando os alunos de lugar quando disse que o aluno japonês deveria sentar no fundo, e o africano ficar na frente. Depois disso, os outros alunos começaram a rir e debochar dele”, disse o pai do jovem.

A família do aluno procurou a direção da escola e, depois, decidiu registrar um boletim de ocorrência. “Meu filho está triste, não quer voltar mais para escola. Falou até em abandonar os estudos. Dói demais ver um filho passar por isso. Somos todos humanos, nosso sangue é igual. Uma mãe e um pai não suportam ver um filho sendo discriminado dessa forma. Ele tem apenas 15 anos”, relatou.

A família não quis se identificar, mas registrou o boletim de ocorrência no último dia 30, na CPJ (Central Policial Judiciária de Franca), e o caso segue em investigação.

Por nota, a Secretaria Estadual de Educação disse repudiar todo e qualquer ato de racismo dentro ou fora do ambiente escolar. E que uma apuração preliminar foi aberta para investigar o fato. Informou ainda que a docente vai responder administrativamente sobre o caso.

Segundo a nota, os responsáveis pelo aluno e a professora foram convocados pela direção da unidade escolar para uma reunião, informação negada pelo pai do garoto. “Ninguém entrou em contato conosco até agora, estou indo hoje à Secretaria de Educação de Franca por conta própria. Espero no mínimo que ela (professora) seja advertida, afastada e responda pelo que fez”, concluiu.

A Secretaria de Educação do Estado disse que mantém um programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva SP) e que a gestão da escola está à disposição para o atendimento de demandas do estudante.

Racismo
Recentemente, os meios de comunicação foram tomados pelas cenas do jogador de futebol Vinícius Júnior, atleta do clube Real Madrid, que foi atacado e xingado no jogo contra o Valência pelo Campeonato Espanho, no dia 21 de maio.

A agressão ao jogador brasileiro, entretanto, não é um fato isolado. Nos últimos anos, foram vários os casos de racismo contra atletas brasileiros no futebol europeu, dentro e fora de campo, mas que não se limitam ao Velho Continente. Eles também avançaram no Brasil.

Nomes como Taison, Dentinho, Neymar, Roberto Carlos, Malcom, Richarlison e Hulk já foram vítimas de racismo na Europa, de bananas atiradas no gramado a sons que imitam os de um macaco nas arquibancadas. A mesma Espanha na qual Vinícius Júnior tem sofrido com manifestações racistas e de ódio foi palco de boa parte destes ataques. Aqui no Brasil são frequentes as notícias de pessoas que sofrem racismo. O caso do jogador serviu para abrir um debate internacional sobre racismo de modo geral.