16 de julho de 2024
OPINIÃO

Perigo

Por Lúcia Brigagão | Especial para o GCN
| Tempo de leitura: 3 min

Em 2006 recebi mensagem também ilustrada pela mesma e eloquente foto do período nazista na Alemanha. O texto alertava que “quando milhares de pessoas trocam a bandeira de seu país pela bandeira de um partido político, a nação corre perigo.” Em 2016 reproduzi foto e mantive o texto: ambos retratavam situação parecida à de vários países. Agora, em 2023, ao pesquisar minhas antiguidades, dei com o recorte do jornal onde estão estampados foto e texto dos dois anos anteriores, já distantes no tempo. Retirei ambos do baú, li e, com tristeza, percebi o quanto ainda está atual o alerta e quão semelhante ao nosso panorama está sua ilustração. Dezessete anos se passaram e o perigo só aumenta, com mais e mais adesões desastrosas cooptadas agora entre camada da população mais jovem e vejo, pasma, a população entremear períodos mais verde-amarelos com outros, bem vermelhos. O verde-amarelo da bandeira brasileira se vê embaciado pelo vermelho da bandeira vermelha do partido que se julga dono do Brasil, insufla ânimos e promove baderna.

Quando milhares de pessoas, de qualquer nação, acreditam na palavra de políticos sabidamente mentirosos e corruptos, o país dessas pessoas corre perigo, é verdade.

Quando a acomodação de um povo se faz através de doações em dinheiro e não de oportunidades de trabalho e estudos para promover sua independência, esse povo corre perigo.

Quando a elite intelectual de um país se presta a enaltecer governo e governantes pelas vantagens que lhe são oferecidas e defende o indefensável, esse país corre perigo.

Quando os órgãos públicos que representam a União - judicial e extrajudicialmente – com função de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo - passam a ser advogados pessoais das pessoas que ocupam cargos políticos importantes, defendendo-as e as protegendo - mesmo notadamente os nefastos, mentirosos e desonestos -  essa União corre perigo.

Quando o presidente de alguma nação, com medo de ser deposto, usa  máquina  e verbas do governo para fazer propaganda massiva e intensa de seus programas sociais nos meios de comunicação em momento nevrálgico e tenso na tentativa de minimizar acusações, essa nação corre perigo.

Quando o governo de algum país percebe que sua imagem está desgastada  e paga propina, dá camisetas de identificação, condução, alimentação e permite que os manifestantes a seu favor se alojem em locais públicos e usem as instalações como hotéis gratuitos, esse país corre perigo. 

Quando o candidato a cargo público, em época de eleição se acomoda com séquito em hotel ao lado do Palácio do Governo da cidade sede do governo de qualquer país para palpitar, controlar, determinar, arbitrar no que não é mais seu de direito e antes de declarar quem pagará a conta do luxuoso covil ... tenha pena do país e habitantes do país desse sujeito. O país e seus habitantes correm perigo.

Quando o representante do país forma batalhão de acompanhantes e viajam todos em veículo governamental, se hospedam todos no mais caro hotel da cidade, mandam a conta para o povo e ainda sai se achando acima do bem e do mal, cuidado. Nação e seus habitantes correm perigo.