O capitão da Polícia Militar Francisco Carlos Laroca Junior, que matou o sargento francano Rulian Ricardo, tem uma longa ficha dentro da corporação. Ainda tenente, Laroca foi denunciado por homicídio qualificado em São Paulo e por dar disparos de arma de fogo dentro de uma festa de formatura em Ribeirão Preto.
O primeiro caso aconteceu em 2006 na primeira onda de ataque do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra agentes de segurança do Governo do Estado de São Paulo.
Laroca foi denunciado pelo promotor Marcelo Alexandre Oliveira, do Ministério Público do Estado de São Paulo, por comandar uma equipe da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) que matou seis pessoas em três dias em Guarulhos e Poá, Grande São Paulo.
Segundo a denúncia, além de Laroca outros três policiais e um comerciante foram indiciados pela participação nas execuções.
Durante o crime, os militares teriam tido a ajuda do comerciante que era proprietário de um veículo Audi. Esse homem, de acordo com a denúncia, prestou falsa queixa de roubo, para que os policiais pudessem usar o carro e simular uma perseguição, com o objetivo de justificar a morte de José Felix Ramalho e Jefferson Morgado Brito.
"Os policiais da Rota contam que cruzaram com o Audi, mas os bandidos, em vez de fugir, deram um cavalo de pau e pararam de frente para a viatura. Saíram do Audi atirando com uma submetralhadora e uma pistola”, publicou o jornal O Estado de S. Paulo, na época.
Ainda de acordo com a denúncia do promotor, uma das vítimas não sabia dirigir e foi vista por uma testemunha sendo abordada por uma viatura da Rota, próximo ao Viaduto do Chá, em São Paulo.
O caso foi denunciado e divulgado na época, mas o policial militar continuou trabalhando, bem como os outros acusados.
Tiroteiro em Ribeirão Preto
Anos depois, com 32 anos de idade, Laroca voltou a ser notícia por provocar um tumulto em uma festa de formatura, em Ribeirão Preto.
Em 2013, o capitão, ainda tenente, foi detido depois de disparar vários tiros no centro de eventos que acontecia na festa de uma turma de direito. Cinco carros foram atingidos, inclusive a caminhonete dele.
Laroca foi preso pela Polícia Militar, mas foi solto ao pagar uma fiança de R$ 800. Sua arma chegou a ser apreendida e uma sindicância aberta, mas o policial continuou na ativa.
Punições contra subordinados
Antes de sua morte, Rullian chegou a mandar um áudio para um amigo, denunciando que policiais da 4ª CIA do 46º BPM, onde trabalhava, estavam há 14 dias sem folga.
Além disso, informações iniciais apontam que Rullian teria discutido com uma policial após uma troca de escala do feriado de Páscoa.
As trocas já estavam sendo discutidas entre outros militares que reclamavam da atitude de Laroca, que após alguns casos de avarias e danos em viaturas, alterou a escala de seus subordinados, fazendo com que eles não conseguissem voltar para casa, já que a maior parte do efetivo da Companhia é de fora da capital.
Rullian foi morto dentro de seu quarto
O que já se sabe da morte de Rullian é que, após a discussão com a policial militar, ele foi para seu quarto no alojamento.
Momentos depois, o capitão e seu motorista foram até o local onde ocorreu o crime.
A família do sargento deve se pronunciar nos próximos dias. Um advogado já foi contratado e deve apoiar nas apurações do caso.