Um dos homens presos pela Polícia Civil na última quarta-feira, 29, por integrar uma célula neonazista no Sul do país, morou e trabalhou como carteiro nos Correios em Franca.
A investigação sobre o grupo foi divulgada pelo Fantástico no último domingo, 2. Segundo a Polícia Civil, o plano do grupo era implementar no Brasil uma célula radical de supremacia branca.
De acordo com informações exclusivas do portal GCN, Rodrigo de Jesus Tavares veio para Franca com os pais ainda adolescente e depois se mudou com a esposa para Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, antes de 2020.
Considerado por amigos uma pessoa tranquila e que não apresentava risco à sociedade, Rodrigo não falava abertamente sobre o tema. Muitos até descobriram que ele participava do grupo neonazista quando ele já havia se mudado da cidade.
Em Franca, Rodrigo chegou a fazer parte de um motoclube, mas acabou sendo expulso após descobrirem que ele estava envolvido com a ideologia neonazista.
Rodrigo ainda trabalhava nos Correios quando foi preso. Ele foi indiciado por organização criminosa, racismo e apologia ao nazismo. Em nota, os Correios lamentaram o ocorrido.
"Os Correios lamentam o ocorrido e repudiam quaisquer comportamentos dissociados dos valores defendidos pela estatal. A empresa está à disposição para colaborar com as autoridades, no que couber, e tomará as medidas administrativas e cautelares cabíveis ao caso".
Grupo queria crescer, mas com critério
Segundo mostrou o Fantástico no último domingo, os integrantes da célula, que está presente em Portugal, Alemanha e Estados Unidos, onde estaria mais organizada, pretendiam recrutar futuros membros, mas acabaram sendo descobertos.
Ainda de acordo com o programa, esse grupo de supremacia branca surgiu nos anos 80, nos EUA, e se expandiu ao redor do mundo pelas bandas de rock neonazistas, que pregavam em suas letras o ódio racial.
“De fato, encontramos um grupo de indivíduos adeptos e integrantes de uma organização skinhead neonazista transnacional. Localizamos toda a vestimenta utilizada por eles, toda a indumentária que identifica eles como um grupo neonazista”, disse o delegado Arthur de Oliveira Lopes.
Moto Clube Caveiras de Aço se manifesta
O Moto Clube Caveiras, do qual Rodrigo participava, emitiu na noite desta terça-feira, 4, após a divulgação desta matéria, a seguinte nota:
"O Moto Clube Caveiras de Aço repudia de todas as formas qualquer ato de racismo ou antissemitismo.
Infelizmente, em reportagem no programa Fantástico, da rede Globo, apareceu um ex-integrante do Moto Clube, envolvido em grupo neo-nazista, que foi preso no Sul do país. Na foto que aparece na reportagem, é possível ver uma tatuagem escrito CDA na barriga e um pedaço de outra tatuagem no braço direito, onde aparece parte do nosso escudo.
Trata-se de Rodrigo, conhecido como Malequiavel, que foi expulso do Moto Clube, quando soubemos que iria fazer parte desse movimento e foi orientado, na oportunidade, a remover as tatuagens ligadas ao Moto Clube.
O Moto Clube Caveiras de Aço, tem em seu escudo a CAVEIRA. Nosso símbolo maior, que representa a igualdade entre todas as pessoas, afinal, por debaixo da pele, todos somos CAVEIRAS. Em nosso Moto Clube, temos integrantes de diversas raças e credos. Por este motivo, não aceitamos e repudiamos qualquer ato de discriminação, seja de cunho racial, religioso, social ou político."
Matéria atualizada às 20h39