Um caso que intrigou os médicos, as feridas na boca de Luiz Gustavo Paranhos, 15, finalmente teve um diagnóstico. Após passar por várias dificuldades, o adolescente foi diagnosticado com a doença BC, rara e incurável. Agora, Luiz Gustavo e sua família buscam por tratamento. Seu caso clínico já é estável e, agora, o garoto termina de se recuperar em casa.
O princípio do caso de Luiz Gustavo foi no dia 19 de março, um domingo, quando foi internado no Pronto-socorro Adulto por apresentar feridas na região dos lábios e dentro da boca. “Ele não conseguia comer, foi horrível”, conta a mãe, Pâmela Paranhos – ela precisou largar o emprego por duas semanas para ficar ao lado do filho.
A primeira suspeita foi uma infecção bacteriana, que teria atacado a região da sua boca e causado vária dilacerações, agredindo muito sua saúde. A partir disso, a luta por uma vaga de transferência de sua internação do PS à Santa Casa de Franca começou. A mãe, nesse momento, se encontrava apavorada com a situação. “Isso me apavora, eu posso perder ele, se isso se espalhar pelo resto do corpo. Tenho medo de não conseguir a vaga a tempo”.
No ponto de vista dos médicos do PS, Luiz precisava realizar uma biópsia, retirar parte da região afetada para realizar um exame mais detalhado e, assim, chegar a um diagnóstico. Então, quatro dias após sua internação no PS a tão esperava vaga na Santa Casa apareceu. Luiz Gustavo foi transferido na quinta-feira, dia 23 de março, quando recebeu cuidados minuciosos para descobrir mais sobre seu problema.
Já na Santa Casa, após doses de glicose por não conseguir comer e se nutrir corretamente por conta das fortes dores na boca, realizou três exames de sangue, para identificar o mais rápido possível a verdadeira causa de suas feridas.
Mesmo no hospital, a biópsia não foi aprovada. O exame esperado pela família, a causa de toda ansiedade para descobrir o problema, foi adiado pelo receio dos médicos “de piorar o caso de sua boca, por ser uma causa desconhecida”.
No dia 26, um sábado, a família se deparou com uma situação inusitada. “Pode ser a doença BC, ela é rara e não tem cura”, relatou a mãe no dia.
O caso do jovem já estava melhor, com suas feridas se fechando, menos agressivas, caso se estabilizando e já conseguindo comer um pouco melhor, porém a suspeita da doença abalava a família.
A Doença de Behçet (doença BC) é uma enfermidade rara e pouco conhecida, cuja causa é desconhecida, mas pode ser tratada com medicamentos específicos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a doença é mais comum em países que se estendem da Ásia ao Mediterrâneo e, no Brasil, não há mais do que 15 mil casos por ano. O médico que levantou a suspeita para Luiz Gustavo, segundo a mãe, relata que não chegou a ver mais de cinco pacientes afetados por ela.
E o maior temor de Pâmela se concretizou, a rara doença foi diagnosticada em seu filho. “É uma doença que não aparece em exame laboratorial, só nos clínicos", explica a mãe. Porém, mesmo com a má notícia, uma boa veio junto – Luiz Gustavo teve uma melhora considerável em seu quadro e recebeu alta, na tarde desta sexta-feira, 31.
“É algo que ele vai viver para o resto da vida, estamos nos preparando, já marcamos consultas para buscar um tratamento para ele”, relatou Pâmela. “Por mais que seja uma doença incurável, rara e outras coisas a mais, ainda é possível controlar ela com tratamento”, finalizou.
Mesmo com o diagnóstico, o jovem Luiz Gustavo já ostenta seu sorriso. Com as úlceras em sua boca já reduzidas, ele consegue se alimentar corretamente outra vez, seu aspecto melhorou e já está apto às atividades rotineiras outra vez, e até mesmo planeja seu retorno ao cotidiano da escola.