A história da humanidade, de civilizações passadas e suas sistematizações de vida em sociedade nos demonstram que sempre há o surgimento, o crescimento, o ápice (auge), o declínio e a sua, podemos dizer, “morte”. Através de análises e pesquisas, aprendemos que o processo de encolhimento de certa forma de vida em sociedade, quando inicia, nunca é revertido sem amplas modificações. Embora o processo de dissolução seja lento, durando séculos, é fato contínuo e permanente até que deixem de existir.
Estamos vivenciando a etapa de declínio acelerado da forma de vida em sociedade que conhecemos. Está doente e sem medicamento adequado que possa fazê-la ressurgir. Está encolhendo, pois não consegue atender os anseios dos cidadãos, visto que tenta justificar suas omissões e injustiças cometidas, sempre imputando aos outros suas responsabilidades. Outro dia ouvimos que “se há alguém com fome é porque há um outro que come muito”. Muito triste, pois ao Estado compete favorecer que o alimento chegue ao prato do cidadão com preço acessível, ou seja, reduzindo impostos e fomentando a produtividade. Porém muito pelo contrário, vemos aumentos e mais aumentos de impostos na cadeia produtividade e por consequência o desestímulo ao investimento, frente a medidas que somente trazem insegurança jurídica.
Em nossos estudos, chegamos a triste conclusão de que a forma de vida existente está se deteriorando moralmente, pois o incorreto passa a ser defendido e plenamente aceitável, sem nenhuma possibilidade de contra argumentação e talvez modificação. A vida em sociedade, queiram ou não, tem se contraído rapidamente perdendo valores construídos ao longo de séculos.
Outras civilizações foram destruídas por ataques externos, como por exemplo a Asteca e Inca, por forças com poder esmagador. No caso atual, ao contrário, as forças desarticuladoras são internas, que inclusive não aceitam nem debaterem com isonomia a situação e, além do mais, essa relutância geralmente é feita por pessoas que simplesmente odeiam o seu próprio Estado, justificando e até elogiando os golpes e desrespeitos cometidos às suas leis e normas, pensando de forma a acelerar e contribuir para sua queda. É lamentável, que muitos lutam e defendem algo que sequer sabem efetivamente o que seja ou do que estão falando. Por que não estudam e pesquisam por si, buscando formar suas próprias opiniões e convicções? Não somente sendo induzidos a pensarem do jeito que efetivamente outros queiram, no sentido de manterem seus domínios sobre os chamados “inocentes úteis”.
Muitas pessoas acreditam que devemos seguir somente impondo regras de condutas que cerceiam o direito alternativo de pensar, mesmo que para isso se chegue “à morte” moral de uma sociedade. Porém, a maioria não sabe sequer o que ocorre com o verdadeiro povo. Refiro-me à população que toma ônibus, trem, metrô, lotação, carona etc. A população que quando os bandidos são pegos, tem que ouvir os argumentos de que, como vítimas da sociedade culturalmente prejudicadas, os criminosos têm todas as justificativas para cometer seus crimes e ficar impunes.
Como analista e pesquisador que sai às ruas e ouve pessoas, com todo respeito, posso afirmar que o assunto comum nas conversas, em reuniões, em áreas de lazer, nos eventos esportivos, em reuniões familiares etc., é a injustiça crescente a cada dia, as medidas contrárias aos interesses e objetivos da maioria da população.
Como aceitar que quando uma mulher é atacada e o bandido capturado, há sempre defensores que os libertam face a uma legislação fora da realidade. Por sua vez a mulher atacada de vítima pode virar ré e colocada na situação de quase “prostituta”. E o policial que prendeu o criminoso, terá muita sorte se não perder o seu posto e responder a processo, em razão de ter cumprido com seu dever prendendo um criminoso. Porém, para progressistas o criminoso é apenas uma “vítima da sociedade” que não sabia o que estava fazendo.
Enfim, o declínio da forma de vida em sociedade, para os que não aceitam, pode ser comparado a uma pessoa atingida por uma doença fatal, onde os que não querem acreditar na morte próxima, afirmam que o rubor da febre alta que se espalha por seu rosto, é o ”brilho da saúde retornando”, enquanto a carne de seu corpo se decompõe.
Toninho Menezes é mestre em direito público, advogado e professor universitário.