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05 de maio de 2024

TRÁGICO

Desentendimentos, agressões e ameaças culminaram em mulher morta no Copacabana

Áudios repassados com exclusividade ao GCN são atribuídos a Lidiquéli. Seriam conversas dela ameaçando o namorado e outras falando com amigas sobre as agressões contra o namorado.

Por Hevertom Talles
da Redação

04/03/2023 - Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca

Reprodução | Hevertom Talles/GCN

Lidiquéli Regina Matias, a vítima, e Eduardo da Luz de Souza, o assassino

Um relacionamento que durou cerca de cinco meses entre o revendedor de cosméticos Eduardo da Luz de Souza, de 40 anos, e Lidiquéli Regina Matias, de 39 anos, terminou como estatística para a violência em Franca, quando a mulher foi morta a facadas pelo ex-companheiro no dia 25 de fevereiro.

O casal estava junto desde outubro de 2022 e enfrentou alguns desentendimentos durante a relação, que não era saudável entre ambos. As discussões entre o casal era de conhecimento dos vizinhos, e culminaram no fato trágico com a vida ceifada de Lidiquéli.

Áudios repassados com exclusividade ao Portal GCN, pela defesa de Eduardo, são atribuídos a Lidiquéli. Seriam conversas dela ameaçando o namorado e outras falando com amigas sobre as agressões que ela teria cometido contra o vendedor.

Em um deles, uma voz de mulher, que seria Lidiquéli, diz para outra pessoa: “Como está o seu namoro, aí? O meu já foi por água abaixo, dei um cacete nele domingo cedo”.

A mulher continua dizendo que teria pegado o celular do namorado. “Peguei o celular dele, né, gata? Aí, você já imagina... Podre. Dei tanto tapa na cara dele, não estava bom... Nós estava (sic) bebendo, coloquei ele para fora daqui à base de chute, murro, tapa na cara. 'Saia da minha vida, se não te mato”, diz o áudio.

Em um outro áudio revelado, a mulher que seria a vítima do homicídio diz que teria pegado o celular do namorado e visto conversas dele com outras mulheres, o que provocou mais fúria, ocasionando mais agressões: “Vixi, apanhou, apanhou”, diz.

Com essas mensagens atribuídas a Lidiquéli e alguns comprovantes de pagamentos que Eduardo fazia diariamente para a ex-companheira - segundo a defesa, por medo e por conta da extorsão que a mulher faria contra ele, para "não botar fogo nos seus produtos cosméticos" -, a defesa espera caracterizar o crime como legítima defesa.

Advogado de defesa de Eduardo, Paulo Sérgio Stradiotti, sustenta que o seu cliente era vítima de extorsão e estava sendo ameaçado. "Ela não aceitava o fim do relacionamento, ameaçava ele, colocando fogos nos produtos”, afirmou o advogado.

"O feminicídio não restou caracterizado. O homicídio não foi praticado por razões de gênero, consistentes em menosprezo ou discriminação à condição de mulher, não ocorreu nenhuma violência doméstica e familiar. Quem não aceitou a separação foi a vítima, o autor nunca desprezou, desapreciou ou desvalorizou a vítima pelo fato de ser mulher", diz Stradiotti.

Segundo o delegado da DIG, Márcio Murari, Eduardo foi indiciado formalmente apenas no crime de homicídio. "Entretanto, ele (inquérito) não terminou. Vamos ouvir familiares, ouvir vizinhos, vamos analisar as provas que o advogado ficou de nos mandar, que serão periciadas, e ao final do inquérito policial será analisado se há ou não a qualificadora do crime de feminicídio. Se houver a qualificadora, sim, ele também será indiciado por esse crime, não só pelo homicídio, mas também pela qualificadora", relata Murari.

Ainda segundo o delegado, Eduardo não possui antecedente criminal.

Nesta sexta-feira, 3, o assassino confesso se apresentou na DIG (Delegacia de Investigação Gerais) de Franca e vai responder em liberdade pelo crime.

Quando deixou a delegacia na presença do advogado, ele disse: “Perdão, perdão. Estou muito arrependido, não queria ter feito isso, foi uma fatalidade. Quero pedir perdão à família dela e à minha. Só eu sei o que eu estou sofrendo”.