17 de novembro de 2024
RELIGIÃO

As Tentações

Por Monsenhor José Geraldo Segantin | Especial para o GCN
| Tempo de leitura: 2 min

A quaresma começou e nos ajuda a refletir sobre como deve ser nossa conduta com a vida voltada para Deus. Meditemos.

Primeira Leitura: Gênesis 2.
A narrativa começa apresentando o homem, que vive num jardim ou pomar plantado de árvores com frutas raras. Pode comer à vontade. No centro do jardim, porém, há uma árvore especial, na qual ele não pode mexer; é perigosa e está reservada para Deus.

Esta árvore é um símbolo. Indica um limite que não pode ser ultrapassado. Ao criar o homem, Deus lhe dera a liberdade de fazer o que quisesse; uma coisa só devia evitar de forma absoluta: atribuir-se o direito de decidir por si mesmo o que é bem e o que é mal. É Deus e somente Deus tem capacidade de distinguir o bem do mal. Quando o homem se esquece que é uma criatura e quer se tornar como Deus, conhecedor do bem e do mal, então ele se destrói, porque não sabe fazer as escolhas certas, corre atrás das suas veleidades, se deixa guiar pelas suas paixões: pelo orgulho, pela ira, pela inveja, pela luxúria, e acaba chamando bem o que é mal, e achando que o amargo é doce e que o doce é amargo.

Segunda Leitura: Romanos 5.
É esta uma parte muito importante e até bastante difícil da Carta aos Romanos. A nós interessa destacar o tema central: a contraposição entre Adão e Cristo.

Adão quis ser senhor do bem e do mal e obteve como resultado a morte.

Cristo, ao invés, reconhece sua própria dependência de Deus, sempre foi fiel e obediente ao Pai e se torna Senhor da vida.

Evangelho: Mateus 4.
Os Evangelhos nos contam que também Jesus teve que enfrentar, no início da sua vida pública, as tentações.

A primeira tentação é a do pão.

Como o povo de Israel, Jesus é conduzido ao deserto, lá permanece por 40 dias, e, como eles, sente fome.

Respondendo ao tentador, Jesus afirma que “nem só de pão vive o homem”. Se não se alimentar do outro pão que é a palavra de Deus, não conseguirá jamais a verdadeira alegria e a paz.

A segunda tentação: a dos sinais.

O povo de Israel no deserto tentou a Deus. Os israelitas exigiam sempre novas provas da sua presença e do seu amor.

Diferentemente deste povo, Jesus se recusa a pedir sinais. Ele não precisa de provas acreditar que o Pai o ama e que está permanentemente ao seu lado.

A terceira tentação: a do poder.

O povo de Israel no deserto, a certa altura, se cansa do seu Deus e adora um bezerro de ouro.

Jesus não aceita inclinar-se diante de ídolo algum: não se deixa seduzir pelo poder político, pelo dinheiro, pela força das armas, pela amizade dos grandes deste mundo, pela ganância de sucesso. Ele ouve sempre e somente a voz do Pai.

Monsenhor José Geraldo Segantin é reitor do Santuário Diocesano de Santo Antônio.