Com a graça de Deus, podemos ouvir os ensinamentos da Palavra de Deus neste domingo, dia dedicado ao Senhor.
Vejamos as belas lições para a nossa vida.
Primeira leitura: Isaías 58.
O jejum é uma prática religiosa conhecida por todos os povos. Desde os tempos antigos, quando se encontraram em situações de sofrimento ou de perigo.
Os homens sempre recorreram à oferta de sacrifícios voluntários para forçar Deus e as forças sobrenaturais a intervirem em seu favor.
Durante estes dias de jejum era costume vestir roupas rasgadas, jogar sobre o corpo pó e cinzas, renunciava-se às relações conjugais, não se tomava banho, andava-se descalço, dormia-se no chão.
A leitura de hoje nos recorda uma dessa situações difíceis, durante a qual os israelitas sentiram a necessidade de propor o “jejum”.
Encontramo-nos no V século antes de Cristo. O povo, confiantes nas promessas dos profetas, voltou do exílio da Babilônia, mas as coisas não correm bem como era de esperar.
O profeta que fala na leitura deste domingo assim responde ao povo: a culpa não é do Senhor, é o vosso jejum que não presta. Em seguida explica qual é o verdadeiro jejum, aquele que agrada a Deus: consiste em “dividir o próprio pão com quem tem fome, em abrigar na própria casa quem não tem teto para se proteger, em vestir quem está nu”.
Para Deus interessam somente as obras de amor em favor do homem. Estas são a única luz que ele deseja ver brilhar no seu povo.
Segunda leitura: I COR 1.
Neste trecho da carta aos cristãos de Corinto, Paulo desenvolveu o tema da preferência de Deus por tudo aquilo que é humilde, desprezado e sem valor.
Na primeira parte fala da sua pregação. Diz que não foi para Corinto para apresentar uma nova doutrina, como faziam os sábios do seu tempo.
Ele, ao contrário, não está de posse de nenhum desses requisitos e anuncia uma mensagem estranha, humanamente absurda; um homem condenado à morte.
Na segunda parte passa a apresentar a si mesmo como pregador: um homem fraco, medroso, com pouca facilidade para se comunicar.
Não obstante esta falta de recursos humanos, ele constata que o Evangelho se difundiu muito em Corinto, por que? Porque, explica, a palavra de Deus é forte por si mesma e a sua penetração no coração dos homens não depende dos meios humanos.
Esta leitura é um convite para nossa reflexão, hoje.
Evangelho: Mateus 5.
O Evangelho de hoje nos apresenta duas pequenas parábolas: a do sal e a da luz.
Na primeira Jesus apresenta os seus discípulos como o sal da terra.
A expressão de Jesus quer dizer que os seus discípulos devem ser aqueles que proferem discursos que dão sabor à vida dos homens. Sem a sabedoria do Evangelho, que sentido teria a vida?
O sal não serve somente para dar sabor aos alimentos. É usado também para conservar os alimentos, para impedir que se estraguem.
O cristão é o sal da terra também neste sentido. Com a sua presença impede que a humanidade se corrompa, não permite que a sociedade, conduzida por princípios perversos, apodreça e descambe para a ruína. Não é difícil constatar, por exemplo, que, onde falta alguém que estabeleça a presença do sal do Evangelho, se espalham facilmente todos os vícios: a imoralidade, o ódio, a violência, a exploração, a vingança. Num mundo onde cada qual procura o próprio interesse, o cristão é chamado para ser o sal que conserva. Ele revive permanentemente e para todos os princípios da doação de si aos irmãos.
O Evangelho é como o sal: não perde o seu sabor, mas podem aparecer certos pregadores tontos que estragam tudo.
A segunda comparação é a da luz. Jesus a explica através de duas figuras: a da cidade construída sobre um monte e que não pode ficar escondida e a da lâmpada que dever ser colocada num lugar elevado.
Para que serve a luz? Para iluminar os objetos. A luz não existe para ser olhada diretamente. Se alguém fixa o olhar no sol ou numa lâmpada muito forte, o que enxerga? Nada, somente estraga a vista. Não se deve olhar para a luz, mas para as coisas iluminadas.
Os cristãos são luz, mas não podem praticar as boas ações para chamar a atenção sobre si, para ser admirados e elogiados. Não é para eles que os homens devem olhar, mas para as boas ações que são praticadas. Os cristãos devem permanecer mais escondidos, o quanto possível, devem quase desaparecer, porque se a luz bate diretamente nos olhos, somente prejudica, incomoda, irrita.
Jesus ensina que os homens devem enxergar “as boas obras” (não os cristãos) e glorificar “o Pai (não a nós)!
Os cristãos, diz Jesus, têm por missão difundir a luz que ele trouxe ao mundo. Sua preocupação deve ser a de não escondê-la, de não ocultar aquelas partes de doutrina que causam um pouco de enfado, ou que parecem muito difíceis, (por exemplo, a partilha dos bens, o perdão sem condições, o amor gratuito até para o inimigo, a renúncia total ao uso da violência.
Monsenhor José Geraldo Segantin é reitor do Santuário Diocesano de Santo Antônio.