24 de dezembro de 2024
RECEITA

Panna Cotta

Por Sonia Machiavelli | Especial para a Sampi
| Tempo de leitura: 3 min

Ingredientes

Estive pensando nos Natais de antigamente, onde doces como o de laranja e o de figo eram indispensáveis na hora da sobremesa das ceias e almoços.  Dava um trabalhão extinguir o amargo da laranja Bahia, que alguns chamavam de Cavalo. Entre ralar para retirar a superfície amarela, cortar ao meio, eliminar o miolo, em seguida aferventar e então deixar de molho e trocar a água trocentas vezes durante três dias era para as muito pacientes. O mesmo se diga do figo, limpo com cinzas do borralho ou pedrinhas catadas nos quintais, depois cortado em quatro no lado contrário ao cabo, aferventado, deixado esfriar para afinal ser mergulhado na calda e fervido por vários dias. De longe sentia-se o perfume, maravilhoso, enquanto a calda apurava para chegar ao ponto. 

Novos tempos. Regimes, dietas, restrição de açúcar e os doces muito calóricos saíram de cena. Bom para a saúde. Menos trabalho para quem cuida do cardápio. Tudo de bom pensar em sobremesas saudáveis, saborosas, bonitas e práticas de preparar. Que tal uma panna cotta (em italiano significa literalmente "nata cozida"), sobremesa típica da região italiana de Piemonte, norte da Itália?

A panacota (vamos aportuguesar de vez) é elaborada com leite, creme de leite, açúcar, gelatina e especiarias, especialmente baunilha. Costuma ser consumida gelada com calda de frutas vermelhas ou de chocolate. Para nosso clima de dezembro, onde as chuvas não amenizam o calor, esta sobremesa é perfeita. 

Na quantidade de ingredientes acima, rende seis forminhas tipo empadas. Foi como fiz. Se as formas forem menores, a receita rende oito unidades. Mas é possível enformar como pudim ou manjar e servir em fatias. O que enfeita a panacota é a calda, são as frutas, já que ela fica bem branquinha. Um prato vistoso também ajuda a decorar a mesa de Natal. E como é fácil de preparar!

Meça os ingredientes, essa parte é fundamental para que a textura fique perfeita: nem muito mole que perca o formato, nem muito dura que perca o sabor. Então, cuidado.

Isso posto, mãos à obra. Coloque a gelatina num potinho, junte as quatro colheres de leite morno, mexa e reserve. Numa panela pequena reúna leite, creme de leite, açúcar e mexa. Se tiver uma fava de baunilha, raspe as sementinhas e coloque junto. É certo que a fava vale ouro e é difícil de encontrar. Mas o sabor e o perfume serão divinos. Se não tiver, use o que nove entre dez cozinheiros fazem: o extrato de baunilha encontrado em qualquer supermercado. Leve ao fogo. Não deixe ferver. Assim que começar a formar bolhinhas nas laterais, desligue e junte a gelatina, mexendo bem. Coloque nas forminhas ou em forma maior. Leve à geladeira por quatro horas, tempo de sair do estado líquido para o sólido. Prepare a calda. A da foto é de amoras. Com morangos também fica ótima.  Basta juntar duas xícaras de frutas com uma de açúcar e meia de água, levar ao fogo e deixar ferver até amolecer. Em seguida é só coar. Se quiser uma calda mais espessa, volte ao fogo e deixe ferver até obter o ponto desejado. Mantenha na geladeira. Só na hora de servir monte o prato, caso contrário a calda vai tingir a base branca do creme. Coloque algumas frutinhas ao lado. Vermelho e branco são a cara do Natal.