A fábrica de calçados Ferracini, natural de Franca, demitiu nessa quinta-feira, 15, cerca 110 funcionários que trabalhavam na unidade instalada no Distrito Industrial, sede da empresa na cidade.
Segundo funcionários, durante as demissões os trabalhadores que não foram mandados embora terminaram o expediente do dia mais cedo para serem liberados. Já os outros que permaneceram ouviram da direção da empresa que a demissão se deu por conta de que, no próximo ano, a produção será menor.
Entres os demitidos, há funcionários que entraram mais recentemente nos quadros da empresa, mas também houve a dispensa de funcionários que trabalhavam há mais de 10, 20, 22 anos de carreira, e subchefes e chefes.
“Ninguém esperava, tem muita gente que faz planos, compra casa, carro e no final de ano essa pancada, é complicado. São pais e mães de família, mães solteiras que dependem dali pra manter a casa”, disse um funcionário que foi demitido.
Ele trabalhava na empresa há cerca de dois anos e relatou que, com a troca da direção, o lado humano de priorizar os funcionários, como sempre ocorreu, "foi deixado de lado".
Segundo ele, a produção da fábrica era de em torno de 3 mil pares por dia, despencando para uma média de 1 mil pares, com as demissões.
“Teve gente que chorou, foi um baque. A empresa está deixando de investir aqui para fortalecer a outra fábrica, que fica na Bahia”, acrescentou outra funcionária.
As informações dão conta de que a empresa está intensificando os investimentos e produção na fábrica do Grupo Ferracini na cidade de Armargosa (BA), onde o prefeito da cidade estaria priorizado a redução de impostos e incentivos para atrair indústrias, além de a mão-de-obra ser mais barata.
Em 2016, foi anunciado um investimento pela Ferracini no município de cerca de R$ 12 milhões, com geração de 300 vagas diretas.
Um funcionário disse que a empresa já agendou o acerto dos trabalhadores para o dia 23 de dezembro. Ambos funcionários que contribuíram para a matéria não quiserem que as suas identidades fossem divulgadas.
A empresa foi procurada para comentar o assunto, mas até a publicação deste texto não retornou.
Histórico
Em 2019, a empresa tinha um polo na cidade mineira de Machado (MG) e, na ocasião, fechou as portas e demitiu cerca de 345 funcionários, após 15 anos de operação.
Na época, a empresa disse que as demissões foram necessárias por conta de uma reestruturação em suas plantas produtivas.