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02 de maio de 2024

REAJUSTE

Vereadores de Franca receberão o equivalente a oito salários mínimos: 'revoltante'

Com o reajuste aprovado nesta segunda-feira, o salário de vereador sobe dos atuais R$ 6.162 para R$ 10.935.

Por Pedro Baccelli
da Redação

06/12/2022 - Tempo de leitura: 2 min

Reprodução/Redes sociais

Os 15 vereadores eleitos pela população; apenas Marcelo Tidy voltou contra

A Câmara Municipal de Franca aprovou o aumento de aproximadamente 80% nos salários dos vereadores para a próxima legislatura, entre 2025 e 2028. Os valores são oito vezes maiores que os R$ 1.302 previstos de salário mínimo para o próximo ano, e "extremamente" superiores aos pisos dos setores calçadista e comerciário pagos em Franca.

Segundo o projeto aprovado durante sessão extraordinária realizada nesta segunda-feira, 5, o salário de vereador sobe dos atuais R$ 6.162 para R$ 10.935. Já os vencimentos do presidente do Legislativo passam de R$ 7.243 para R$ 12.875.

Em meio aos cidadãos inconformados com o aumento está Michelly Pheiffer, de 24 anos. A diretora comercial de uma escola de idiomas na região central da cidade diz que os parlamentares que votaram a favor não devem ser reeleitos nas próximas eleições.

"Esse aumento é uma corrupção mascarada em cima de toda a população. Nós temos que listar todos esses vereadores que votaram a favor disso e nunca mais colocar eles no poder, pois eles pensam somente neles e nunca na população", disse.

Quando comparado com o comércio, o salário recebido pelo vereador é sete vezes maior. O piso para microempreendedor é de R$ 1.478,46 - menor valor dentro das subdivisões do setor. Se multiplicado pelos 80% aprovados pela Câmara, o salário alcançaria R$ 2.661,22.

Já o icônico sapateiro, trabalhador responsável por Franca ser conhecida como "Capital do Calçado", recebe R$ 1.507 de piso por mês. Quando multiplicado pelo mesmo percentual, o salário sobe para R$ 2.712.

O presidente do Sindicato dos Sapateiros de Franca, Wellington Paulo de Oliveira, disse que não tinha conhecimento sobre o reajuste concedido à classe política, mas foi incisivo ao dizer que o aumento é alto e os trabalhadores estão servindo de "massa de manobra" do Estado.

"Está bem fora dos padrões dos trabalhadores do setor privado. Chega a ser revoltante. Dá para ver que a gente é massa de manobra na mão desses políticos (...) a revolta toma conta".

A Câmara usou como parâmetro para aplicar o reajuste o índice de 60% do subsídio pago aos deputados estaduais, que recebem R$ 25.322. O projeto foi aprovado por 13 votos a 1. O único vereador que votou contra foi Marcelo Tidy (União).

No fechamento desta conta, Franca tem cerca de 26,5 mil trabalhadores no comércio e 18 mil empregados formalmente em bancas e fábricas de calçados. Já na Câmara Municipal, apenas 15 parlamentares.

A próxima sessão extraordinária do Legislativo francano está marcada para esta quarta-feira, dia 7 de dezembro.

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