Analisar o ser humano não é nada fácil! Se aparecer na televisão brasileira, algum artista de renome etc. afirmando que “elefante voa”, muitos, ou seja, mais de 49% vão acreditar.
Justificando que esse é o “jeitinho” brasileiro, que é “charmoso” não estudar para entender os fatos, perdoar crimes cometidos contra todo um país, contra sua população, sem o menor arrependimento, muito pelo contrário, achando que é normal e sempre quando confrontado, como não há resposta a altura o dominante cinismo vem a tona.
Em minha opinião, o ex-presidente Lula ganhou o primeiro turno em razão de ter apostado em três frentes: a) apostou na “amnésia” dos cidadãos eleitores brasileiros, que sempre está presente nos processos eleitorais, forçando um esquecimento dos governos Lula e Dilma, pois muitos eleitores sequer se lembram em quem votaram nas eleições de 2018, sendo facilmente induzidos e direcionados; b) apostou na manipulação de dados efetuados pelas empresas de pesquisa eleitoral; e c) apostou no desgaste do governo Bolsonaro, pois os oposicionistas e grande parte da mídia passaram quatro anos desgastando o governo. Basta ver que não passou um dia sem falar mal do governo Bolsonaro e apenas em raríssimas exceções mostraram algo positivo praticado pelo governo.
Após as eleições do último domingo, vimos matérias afirmando que a “mancha vermelha ofuscou a onda verde amarela”. Um absurdo, pois basta vermos as imagens das comemorações da vitória já no primeiro turno, previamente preparadas pelo Partido do Trabalhadores para ocorrer na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo. No local que era para ser festivo, havia poucas pessoas. Assim fica a questão: onde é que estavam, ou melhor, onde estão os eleitores petistas que deveriam estar eufóricos como ocorria outrora? Muito estranho, pois há números e não pessoas.
O que, nós, analistas não conseguimos entender é o que ocorre na realidade. Nós vemos grandes manifestações populares de um presidente da República que aonde vai carrega multidões, chegando ao primeiro turno atrás de um ex-presidente condenado no mérito das ações, que quase não saiu às ruas, não tinha contato com o povo, que não era bem recebido nas localidades por todo o Brasil, mas que quase ganhou a eleição presidencial em primeiro turno.
Contradizendo toda lógica, pois candidatos aos governos estaduais, ao Senado, à Câmara dos Deputados, apoiados pelo presidente Bolsonaro tiveram ótimo desempenho, enquanto ele (presidente) não, como se explica? É muito estranho ver que na somatória geral, muito mais da metade dos eleitores votou nos candidatos do presidente, assim sendo contrários aos candidatos do ex-presidente Lula e, em contrapartida, vermos quase 50%, nas eleições presidenciais, votando pelo retorno do ex-presidente. Inexplicável!
Com todo o meu respeito aos que pensam de forma diferente! Aqui não estou tratando de ideologias, pois respeito todas e, reafirmo, já trabalhei para quase todas, mas assistir imagens de presidiários do Cadeião de Pinheiros comemorando a quase eleição em primeiro turno de um ex-presidente, que foi processado e condenado por corrupção em três instâncias judiciais, "sendo descondenado" por ministros nomeados por ele para reabilitá-lo a disputar a Presidência de nosso país, é demais!
Enfim, para nós, analistas, quando quase metade do eleitorado brasileiro opta por tal decisão, nos traz somente a comprovação da fraqueza moral dos cidadãos. Porém, acreditamos que essa não é a cara dos brasileiros.
Toninho Menezes é mestre em direito público, advogado e professor universitário.