Um casal foi agredido na madrugada desta sexta-feira, 27, após sofrer ataques transfóbicos durante o show da dupla Henrique e Juliano, na Expoagro. As agressões foram registradas por pessoas que assistiam ao show.
Segundo Gabriela, que é amiga do casal e também estava no show, eles estavam curtindo a apresentação, quando dois homens começaram a zombar do namorado de uma mulher transexual.
"Eles começaram a zoar dele (namorado), chamando de 'viado'. Fazendo gracinha e piadas. Pra evitar uma confusão, eu a chamei para ir no banheiro, mas quando voltamos, um dos rapazes xingou e deu um soco no namorado dela. Foi onde começou uma briga", contou Gabriela.
Depois que a briga começou, a mulher tentou tirar o namorado do local, momento em que as imagens foram gravadas.
"Ela segurava o namorado pra tentar parar com a briga. Eu fui tentar chamar alguém pra ajudar a tirar eles da briga. Aí o outro amigo, na hora que viu que ela era trans, entrou no meio e começou a bater nela com socos. Eu tentei separar e apartar. Muita gente que estava vendo ria da situação, mas outras tentaram ajudar", continuou Gabriela.
No momento que a trans era agredida, Gabriela conta que as pessoas pediam para que a briga parasse e, nisso, mais ataques homofóbicos aconteceram. As imagens mostram a mulher levando vários socos na cabeça e o namorado, chutes.
"O pessoal falava para eles pararem de brigar, mas ele (o agressor) falava "é travesti, travesti tem que apanhar mesmo". Ela tá tudo machucada, o namorado dela também, não vamos pisar lá (Expoagro) nunca mais", disse Gabriela.
Nas imagens, é possível ouvir o pessoal falando para parar, quando o agressor afirma que a mulher é "travesti". "Não vai bater em mulher não", diz um homem separando o homem, que responde. "É travesti, não é mulher, não seu C*. Um outro homem aparece e o agressor continua. "É travesti, você vai fazer o quê. Vai dar a b*".
Gabriela ainda afirma que nenhum segurança tentou ajudar o casal no momento. Segundo a Expoagro, os seguranças foram acionados, mas a briga já não estava mais acontecendo quando eles chegaram ao local.
“Em nota, a organização da Expoagro Franca comunicou que seguranças foram acionados e quando chegaram ao local já não havia mais o ocorrido e os envolvidos não foram localizados. A organização reitera que repudia qualquer ato de violência e está à disposição para auxiliar no caso”.
Na manhã desta sexta-feira, 27, horas após a agressão, o casal esteve na Central de Polícia Judiciária para registro da ocorrência. Segundo eles, os policiais civis não quiseram registrar o caso como transfobia. À tarde, eles retornaram e o caso foi corretamente registrado. A Polícia Civil investigará o ocorrido.
Homem nega que agressão tenha sido motivada por mulher ser transexual
Um dos envolvidos na briga, Augusto César negou que a agressão tenha sido motivada por transfobia. Segundo ele, o vídeo que circulou em redes sociais só mostra o fim da briga, quando ele agride a mulher.
"Eu estava em uma roda de amigos, rindo com minha esposa e um casal, quando a moça me empurrou e disse 'você está rindo de mim? Nunca viu um travesti? Vamos lá fora que vou te mostrar como a gente faz, onde eu moro'. Nisso eu afirmei que nunca a tinha visto e recebi um empurrão", contou Augusto.
Augusto também diz que depois do empurrão, ele começou a bater boca com a mulher, momento em que o namorado dela chegou e começou a brigar.
"Ela me deu um tapa no rosto. O vídeo só mostra o final, mas ela me agrediu. Foi depois disso que agredi ela, eu confesso, revidei. Eu não a agredi por ela ser trans, e sim porque me agrediu. Nisso outras pessoas falaram que 'travesti tem que apanhar mesmo'. Eu não falei isso. Aí surgiu alguns homens e começaram a falar que eu estava batendo em mulher, por isso aparece (no vídeo) eu falando que era travesti", continuou.
Augusto ainda contou que após a briga se encerrar, o namorado da mulher voltou a querer brigar, mas ele se afastou. Ele ainda disse que procurou a delegacia e se dispôs a esclarecer a briga.