27 de dezembro de 2025
JUSTIÇA

Ex-bispo de Franca nega omissão em denúncia de abuso: 'Fui até mais duro que deveria'

Por Kaique Castro | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Youtube
Dom Pedro Luiz Stringhini comanda a Diocese de Mogi das Cruzes

O ex-bispo de Franca Dom Pedro Luiz Stringhini, acusado de acobertar o padre Ismael Almeida Santana, 31 anos, nega a denúncia e diz que foi até "mais duro do que deveria". Um ex-seminarista acusa o padre de abuso sexual. O caso teria acontecido na Diocese de Mogi das Cruzes, comandada por Dom Pedro. Ele falou com exclusividade ao GCN nesta sexta-feira, 29, e afirmou que não houve omissão de sua parte, nem mesmo da Diocese.

“Não se trata de um abuso, se trata de um envolvimento entre dois adultos. Na hora que este fato foi noticiado a mim, antes até de falar com o padre, eu o suspendi. Por isso, fui até mais duro com ele. Na hora, eu já passei ao Tribunal eclesiástico de Mogi das Cruzes. Portanto, não houve omissão. Repito, fui até mais duro, porque acreditei e deveria acreditar no rapaz”, disse o bispo Dom Pedro Luiz Stringhini, em entrevista ao radialista Valdes Rodrigues, no Show da Manhã, da Difusora.

Dom Pedro acredita que o denunciante quer confusão ou algum benefício financeiro e não entende o motivo do processo contra ele e a Diocese.

“Ele processa a gente em quê? Omissão? Não teve omissão da minha parte, eu suspendi o padre no mesmo dia. Na mesma hora, o padre foi suspenso. E depois do processo, ele foi suspenso definitivamente. Portanto, onde está a omissão do bispo? Da Diocese? Não tem”, continuou o bispo.

Ainda segundo Dom Pedro, o processo interno da Igreja Católica está praticamente encerrado e o padre Ismael Almeida solicitou ao Papa Francisco a sua demissão.

“Ele já não está exercendo, mas ainda é padre. Assim que o papa assinar o pedido de demissão, ele passa a não ser mais padre”, concluiu o bispo.

Dom Pedro atuou em Franca entre 2009 e 2012 e atualmente está na Diocese de Mogi da Cruzes, na Grande São Paulo.

Entenda o caso
O caso foi divulgado pelo portal UOL em dezembro do ano passado. A reportagem teve acesso a um vídeo que mostra o padre Ismael ameaçando e agredindo o ex-seminarista. A vítima fez uma denúncia ao tribunal eclesiástico da Diocese de Mogi das Cruzes no dia 26 de fevereiro de 2021, que suspendeu e afastou o padre de suas funções na mesma data.

Ismael é padre desde 2018 e acumulava cargos de grandes responsabilidades na Diocese. Em seu depoimento, afirmou que teve um relacionamento afetivo com a vítima, que não aceitava o fim do caso e que, por isso, ele fez as denúncias.

“O padre reconheceu que errou, se disse profundamente arrependido e pediu perdão à igreja, segundo os documentos da investigação interna da Igreja”, diz a matéria da UOL.

O ex-seminarista disse à reportagem que procurou a Diocese na expectativa de um desfecho, mas que teria acontecido um acobertamento por parte dos clérigos e da instituição. Ele entrou com processos nas esferas criminal e cível em abril do ano passado. Na área cível, a vítima processa o padre Ismael, o bispo da Diocese, dom Pedro Luiz Stringhini, e o vigário-geral da Cúria, monsenhor Antônio Robson Gonçalves.

Ela alega que sofreu abuso sexual e psicológico, além de violência física e ameaças por parte do padre. Quanto aos membros da diocese, João diz que houve acobertamento e pede indenização de R$ 560 mil por danos morais.

A defesa de Ismael afirma que seu cliente é inocente. Acusado e vítima teriam tido um relacionamento homoafetivo entre adultos e, que isso, não configura em crime sexual.