“Ter prazer, afinal, é o mesmo que estar satisfeito com os prazeres que a vida oferece”, disse a heroína do romance... Envolve hormônios: dopamina, endofirna, ocitoxina e serotonina, que não sei o que significam, onde são secretados, nem qual a interdependência que apresentam, muito menos se devem ser concomitantes, ou não. Mas, dizem, são importantíssimos no resultado final, que deve ser o prazer... Afirma-se que leveza e prazer andam juntos e pesquisei até conseguir bela relação de coisas que causam prazer, na minha própria opinião, na de técnicos e palpiteiros. Dá prazer, segundo minha pesquisa e experiência:
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Barulho de folha seca, quando a gente pisa nelas.
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Pisar em bolinhas caídas de árvore.
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Roupa limpa no corpo, depois do banho.
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Barulho de água enchendo a banheira.
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O friozinho do sorvete na língua.
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Sentir e distinguir sabores – doce, azedo, salgado, amargo e umami (um dos cinco sabores básicos, foi identificado em 1907 por cientista japonês, enquanto saboreava uma tigela de tofu fervido em kombu dashi - caldo feito de uma espécie de alga marinha. O Dr. Kikunae Ikeda se convenceu de que havia outro sabor básico totalmente diferente de doce, salgado, azedo e amargo. E já estão falando em kokumi, outra sensação de gosto...)
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Vento fresco, no corpo, quando está fazendo calor.
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Subir num lugar alto e olhar para trás.
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Mel na boca.
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Cheiro de loja de perfumaria.
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Bolsa de água quente na cama fria.
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Som de risada de criança.
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Algo interior que a gente sente quando canta.
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Ganhar flores.
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Sorriso espontâneo de criança.
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Ouvir música que traz recordação.
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O barulho ouvido ao longe de cachoeira.
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O mesmo barulho quando se chega perto dela.
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Abraçar quem se gosta – o abraço é capaz de blindar o organismo contra o estresse, a ansiedade, a depressão e até infecções, dizem.
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Dar risada – “rir é melhor remédio”. Fala-se até de tratamento com óxido nitroso – o gás do riso – no tratamento contra a depressão.
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Ir ao banheiro todos os dias. Bem, afirma-se que há neurônios no intestino, mas a melhor explicação me foi dada por antigo (e querido) professor de português ao explicar à classe o que significava, literalmente, o adjetivo enfezado.
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Conviver com amigos.
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Fazer refeições leves.
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Tomar Sol.
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Praticar atividades físicas.
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Ter bom humor – antídoto para o stress.
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Fazer sexo: para proteção cardiovascular, remédio contra a dor. Evidente melhora da autoestima e remédio contra a insônia.
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Concluir tarefas – de limpar a casa a equacionar problema de física quântica.
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Olhar a Lua nascendo atrás da montanha.
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Acompanhar o pôr-do-sol à beira-mar.
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A sensação de ter descoberto algo incrível, que ninguém mais tinha percebido.
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Respirar fundo depois de ter perdido o fôlego.
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Respirar aliviado ao concluir tarefa dificultosa.
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Respirar profundamente, ao descobrir o resultado de qualquer equação, de qualquer natureza, inexecutável à primeira vista.
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Respirar profundamente quando a porta se fecha atrás da visita maçante.
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Respirar profundamente.
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Respirar e perceber-se vivo e saudável.
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Sentir amor por alguém.
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Perceber-se amado.
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Fechar os olhos e ouvir o som do silêncio no alto da montanha.
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Sentir a presença do ser amado.
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Sentir-se vivo.
Lúcia Helena Maniglia Brigagão é publicitária e escritora.