17 de novembro de 2024
RELIGIÃO

'As tentações'

Por Mons. José Geraldo Segantin | especial para GCN
| Tempo de leitura: 2 min

Começamos a Quaresma, e a Palavra de Deus nos fala sobre as tentações que o demônio perseguiu Jesus.

Primeira Leitura: Deuteronômio 26

O texto fala da profissão de fé de Israel. A narrativa das obras realizadas por Deus em favor do seu povo são a prova de que mesmo nos momentos mais difíceis e tenebrosos não se pode duvidar do seu amor.

Segunda Leitura: Romanos 10

A leitura nos ensina que esta confiança em Deus deve, evidentemente, ser professada com a vida, mas também ser manifestada por palavras.

Evangelho: Lucas 4

Todos os anos, no primeiro domingo da Quaresma, a liturgia nos leva a refletir sobre as tentações de Jesus. Mostra-nos o modo como o Mestre as enfrentou para nos indicar como nós também as podemos reconhecer e superar.

O Evangelho de hoje não constitui uma lição de catequese e quer ensinar-nos que Jesus foi submetido à prova não com três, mas “tentado de todos os modos”, como declara expressamente o texto.

Tentemos, então, entender qual é o sentido destas três parábolas.

A primeira tentação: Ordena a esta pedra que se torne pão!

Eis, pois, a primeira tentação à qual Jesus foi submetido usar o poder divino para se livrar das dificuldades que os homens comuns enfrentam.  Se Jesus lhe tivesse dado ouvidos, teria renunciado a ser um de nós, não teria sido realmente homem, mas teria sido simplesmente uma aparência humana.

Esta tentação se apresenta muito bem dissimulada também para nós, todos os dias. Ela vem frequentemente como um convite a um isolamento egoísta dentro de nós mesmos, excluindo os outros, vem como uma insinuação para recusarmos aquela atitude solidária assumida por Cristo.

A segunda tentação: Eu te darei todo esse poder e a glória desses reinos, porque me foram dados.

O instinto de dominar os outros está tão profundamente arraigado no coração humano que até mesmo o pobre sente um desejo irrefreável de prevalecer sobre quem é ainda mais fraco do que ele.

Às vezes cedemos a esta tentação sem nem mesmo perceber. Corremos o risco de adorar o demônio, pensando estar rendendo glória a Deus.

A terceira tentação: a que procura estabelecer uma relação deturpada entre  o homem e Deus. A proposta do demônio é de fato baseada na Bíblia: lança-te daqui abaixo, lhe diz o tentador, porque está escrito.

O objetivo mais importante do Maligno não é o de provocar algum desvio moral, alguma fraqueza, alguma falha, mas o de corroer os fundamentos das relações com Deus.

Monsenhor José Geraldo Segantin é reitor do Santuário Diocesano de Santo Antônio