A rodovia Rio Negro e Solimões, que liga Franca a Batatais, não acompanhou a evolução das cidades e virou uma viagem ao passado. Quem passa pela estrada de terra precisa lidar com buracos e valetas, lixo ao redor e a falta de segurança, principalmente à noite.
Fernando Donizete Silva tem uma chácara no condomínio Bela Vista e passa pela rodovia desde 1986. “Está do mesmo jeito. Buraco e lixo adoidado. Sinto um descaso, porque sou francano. Ver uma estrada dessa é o cúmulo. A gente está no ano de 2022. Isso aqui não podia existir de jeito nenhum”.
Não é exagero de Fernando. A reportagem do GCN contou uma área alagada e três lixões formados no canteiro da rodovia em um trecho de apenas um quilômetro da rodovia, também chamada de Estrada Velha de Batatais.
Os motoristas precisam desviar do campo minado de buracos e crateras. "Está muito difícil. Agora com a chuva, fica muito buraco e acaba com o carro. Não saio da oficina, e é uma caminhonete”, diz Maria da Graça Menezes Bruxelas.
Maria da Graça passa pela rodovia quase todos os dias para acompanhar a construção de uma casa em seu terreno de chácara. “A gente entende que talvez haja interesse econômico, porque as estradas têm ligação com Ribeirão e não querem fazer porque os caminhões não pagam pedágio ou alguma coisa do tipo”.
A falta de segurança é outro problema enfrentado diariamente. Maria da Graça ficou até com medo de parar na rodovia para atender a reportagem. “Fiquei até com receio de vocês me pararem. O que será? Um assalto? Mas está com a máquina fotográfica, deve ser alguma coisa”, brincou.
'Faltou o PIX'
O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) definiu a contratação de uma empresa para realizar o projeto de pavimentação da rodovia Rio Negro e Solimões em agosto de 2012. A proposta de modernização do deputado estadual Roberto Engler (PSB) esbarrou na falta de recursos na época e não conseguiu sair do papel.
Engler fez uma nova solicitação à Secretaria Estadual de Logística e Transportes para a pavimentação da rodovia em abril de 2019. A resposta foi novamente insatisfatória por parte do Estado.
A justificativa do Estado é sempre a falta de recursos, aponta o deputado estadual. “Mesmo quando conseguimos avançar com o projeto e colocar a bola na marca do pênalti, o Governo não quis chutar. Isso foi por volta de 2013, quando a obra esteve mais próxima de se concretizar”, disse o deputado.
“Diante de tudo isso, é de se desconfiar que haja outros interesses que emperrem essa obra. Infelizmente, o que se pode fazer é pedir, pressionar, buscar formas de sensibilizar o Executivo", completou.
Cantor Rionegro
O cantor sertanejo Rionegro, da dupla com Solimões, já se posicionou contra a situação da estrada e a associação negativa causada. “A homenagem (nome da dupla dado à rodovia) é uma coisa boa, mas ficamos chateados de ver o nosso nome numa coisa tão mal cuidada”, disse em entrevista ao portal GCN em fevereiro de 2016.
“Quem usa a rodovia, sempre faz alguma piadinha ou acaba cobrando da gente uma solução. Se não melhorar aquilo ali, queremos pedir para tirar o nosso nome dela”, completou.
As críticas feitas hoje pela população são as mesmas do sertanejo em 2016. “Vão dizer que está assim por causa das chuvas, mas não, ela é cheia de buracos e com lixo para todo lado sempre. Não existe manutenção”.
A reportagem entrou em contato com o cantor que preferiu não se posicionar neste momento.
Resposta do Estado
O Departamento de Estradas de Rodagem respondeu que estão sendo realizados serviços de conservação especial na “Rio Negro e Solimões” do km 378,27 ao km 387. Está em fase de licitação os serviços de perenização (tornar durável) do km 353,20 ao km 378,27. Já em fase de análise e aprovação, está o projeto de pavimentação do km 386,55 ao km 398,40.
Prefeitura
A Comunicação da Prefeitura de Franca informou que a limpeza do lixo descartado nos canteiros da rodovia Rio Negro e Solimões aconteceu quando a reportagem entrou em contato, no final de fevereiro, seguindo o cronograma da Secretaria de Meio Ambiente.
Reunião
Em vídeo postado nas redes sociais na madrugada desta terça-feira, 15, o prefeito Alexandre Ferreira (MDB) disse que participa às 10 horas de uma reunião no DER (Departamento de Estradas de Rodagem) para discutir o asfaltamento da Rio Negro e Solimões.
No vídeo, ele diz que estava estudando o projeto da obra e que mudou a estratégia de apresentar o pedido ao órgão estadual, responsável pela rodovia, citando as infrutíferas reivindicações antigas.