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03 de maio de 2024

OPINIÃO

Guerra constitucional e institucional

No final da última semana assistimos a uma verdadeira guerra constitucional e institucional com os brasileiros no meio. Para comentar a decisão do presidente Bolsonaro de não comparecer à Polícia Federal para prestar depoimento, temos que fazer breves observações do que ocorreu até chegar ao não comparecimento do presidente. Leia mais no artigo de Toninho Menezes.

Por Toninho Menezes
especial para GCN

05/02/2022 - Tempo de leitura: 3 min

No final da última semana assistimos a uma verdadeira guerra constitucional e institucional com os brasileiros no meio. Para comentar a decisão do presidente Bolsonaro de não comparecer à Polícia Federal para prestar depoimento, temos que fazer breves observações do que ocorreu até chegar ao não comparecimento do presidente. Ratificando que independentemente de qualquer coisa, sempre faremos observações dentro de uma ótica do direito, das leis positivadas e principalmente de nossa Constituição Federal.

Caros leitores, primeiramente temos que deixar bem claro que a Constituição Federal impõe limites a todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Durante vários anos de magistério, ministrando aulas nos cursos de direito, sempre ensinamos, frisamos e ratificamos aos nossos alunos que, a segurança jurídica sempre estava vinculada ao devido processo legal que todas as partes integrantes do processo deveriam respeitar, o que não acontece no presente caso, pois o ministro não respeita as legislações positivadas, se colocando acima da lei e inclusive legislando, o que não é de sua competência.

Na opinião desse simples ex-professor de direito e pesquisador, a nossa Constituição foi vilipendiada, desrespeitada e usada da forma que melhor atenda os interesses particulares.

Aproveitando, podemos usar o exemplo ilustrativo: No presente caso, estão atirando no mensageiro, ao invés de investigar o que trazia a mensagem, ou seja, a mensagem que o presidente comprovadamente mostrou (invasão dos computadores do TSE) é muito grave, porém ao invés de se investigar como é que um hacker entrou nos computadores do TSE e por lá permaneceu por vários meses, o TSE, e alguns ministros, através do STF, tentam mudar o foco, pois o processo não era sigiloso. Dessa forma estrategicamente acusam o mensageiro (presidente e deputado) que trouxeram a comprovação de que o sistema eleitoral brasileiro não é tão seguro, desviando o foco da atenção, quando na verdade deveriam estar investigando o que ocorreu e tentar vedar tais brechas de acesso que o hacker teve, inclusive se teve ou contou com “facilidades” internas.

Enfim, digam o que quiserem, mas o desrespeito à Constituição Federal e as legislações pertinentes, podem trazer conseqüências institucionais irreparáveis. Isso por irresponsabilidade de algumas autoridades que teimam em não se sujeitarem as leis.

Toninho Menezes é mestre em Direito Público, advogado e professor universitário.