A festa do Batismo de Jesus é a manifestação pública da sua missão. Solidário com o povo, Jesus também entra nas águas do Jordão para receber o batismo. O seu mergulho na água se liga com seu mergulho na nossa humanidade. Jesus se faz solidário, e mais ainda, Servo e Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Leia mais no artigo de Mons. José Geraldo Segantin.
Por Mons. José Geraldo Segantin
especial para GCN
09/01/2022 - Tempo de leitura: 3 min
A festa do Batismo de Jesus é a manifestação pública da sua missão. Solidário com o povo, Jesus também entra nas águas do Jordão para receber o batismo. O seu mergulho na água se liga com seu mergulho na nossa humanidade. Jesus se faz solidário, e mais ainda, Servo e Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele assume nossa condição humana, num ato solidário, que o leva até à Cruz. É uma caminhada que vai em direção à Páscoa.
Os textos da Palavra de Deus transmitem uma bela mensagem que nos revela o “Rosto de Deus”. Quais são estes ensinamentos?
Primeira Leitura: Isaías 42.
Na segunda parte do livro de Isaías, a uma certa altura, começa a história de um personagem misterioso, que o autor identifica como o “Servo do Senhor”.
O interessante é que neste “Servo do Senhor” os primeiros cristãos reconheceram logo a figura de Jesus.
A leitura deste dia nos conduz ao início da história desse Servo.
Antes de tudo nos é descrito o seu chamado. Foi escolhido porque era agradável a Deus e lhe foi confiada uma grandiosa e difícil missão; por isso foi invadido pela força do Senhor, do seu Espírito.
Segunda Leitura: Atos dos Apóstolos 10.
A segunda leitura, dos Atos dos Apóstolos, é o início do discurso de Pedro na casa do centurião Cornélio. Ressalta que “Deus não faz acepção de pessoas”, pois manifestou seu amor a todos através da vida, morte e ressurreição de Jesus. Assim, os gentios são admitidos ao Evangelho sem a obrigação de seguir os costumes da cultura judaica. O essencial é a adesão ao Senhor, manifestada através da prática de sua justiça.
Evangelho: Lucas 3.
O Evangelho de hoje se compõe de duas partes.
A primeira (vv.15-16) começa com uma constatação muito densa de significado: “o povo estava numa expectativa”. Na expectativa de que?
O Batista responde às expectativas do povo. É um homem austero, impregnado pelo modo de pensar dos homens do seu tempo: anuncia um Messias renovador do mundo. Serve-se de palavras e de imagens que os israelitas entendem muito bem.
As palavras do Batista refletem a mentalidade de um povo que os mestres espirituais educaram no medo a Deus. Com a vinda de Jesus encerra-se a época na qual Deus era apresentado como um soberano severo e exigente. Em Jesus encontramos a verdadeira face de Deus, um Deus que não agride os pecadores, mas que se senta com eles à mesa; que não se afasta dos leprosos, mas que os alivia; que não condena a mulher adúltera, mas se deixa acariciar e beijar por ela. Na sua pessoa não encontramos a ira de Deus, mas a sua paciência, o seu amor, a sua ternura.
Este pensamento nos introduz na segunda parte do Evangelho.
Lucas observa que Jesus entrou nas águas do rio Jordão junto “com todo o povo”. Ele se misturou com o povo. Este pormenor deve ser sublinhado porque, desde o início da sua missão, Jesus se apresenta como alguém que permanece ao lado dos pecadores: não os julga, não os despreza, não sente repugnância por eles. Participa ele mesmo da sua condição de escravidão e junto com eles percorre o caminho que conduz à liberdade.
Mons. José Geraldo Segantin é pároco na Paróquia Santo Antônio.